Round 26- Vai com Deus!

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JESSE RYAN

Eu senti no momento em que ela entrou no quarto, mesmo estando de costas. Não foi nada romântico tipo: meu corpo reconhecendo sua presença ou qualquer viadagem parecida, não. Foi apenas pelo barulho causado do arrastar dos seus chinelos, ela tinha preguiça até de levantar os pés do chão.

Sequer mexi um músculo, não queria dar a chance para que ela visse, o qual abalado estava, mas pelo pouco que olhei no espelho lá no banheiro, estava com cara de zumbi escorneado. Eu mal dormi na noite passada, era idiotice admitir, mas eu tinha sentido falta do seu corpo aconchegado ao meu.

Eu só queria me estrangular!

Continuei de cabeça baixa, com a toalha enrolada na cintura e olhando aquela maldita mala, tudo organizadinho, as roupas imprensadas como se fossem canudos coloridos, uma coisinha fofa. Baguncei aquele caralho todo de propósito, procurando minha cueca.

Ela suspirou, mas não disse nada. Ainda bem. Por que eu não estava a fim de ouvir a sua voz.

Fazendo de conta que ela não existia, me vesti, pelo menos agora podia ficar a vontade, sem camisa, ficar até pelado se quisesse, ninguém iria encher meu saco.

-Você vai me levar no Detran, para eu tirar minha identidade?

Olhei bem para sua cara de pau e perguntei ríspido

-Sou a porra do teu motorista por acaso?

Ela ajeitou seus óculos e falou com sua voz mansa.

-Jesse, eu sei que você está com raiva...

-Raiva por quê? Só por que você estava chorando por causa de outro macho? Como se eu me importasse. Me erra garota, tô cagando e andando pra você!

-Olha, eu não estava chorando por que gosto dele, estava cho...

-Não quero saber- A cortei de imediato

-Escuta...

-Não. Não escuto. Não quero ouvir suas mentiras.

-DEIXA EU FALAR, CARAMBA!- gritou me surpreendendo

-NÃO QUERO OUVIR!

-Não quer? Pois então, vai à merda!

Ela teve a audácia de falar isso mesmo? Sorri - O que foi que você disse?

-Mandei você ir à merda. É o mesmo que vai se ferrar, vai se danar, vai se lascar, tomar onde as patas tomam!

Disse dando as costas e saindo, eu estava com a moral pior do que um cachorro mesmo. Essa garota estava brincando com a minha cara.

-Você está pensando que sou o quê, para me tratar assim? - Eu disse puxando seu braço

-Um imbecil que não deixa sequer eu falar, agora se não vai me ouvir, faça o favor de me soltar.

Ela empurrou meu peito com raiva e saiu porta afora, eu fui atrás revoltado.

-Ouvir você falar o quê? Que ama Charles? Eu tenho que ser compreensível é isso? Está pensando que sou o quê. O corno solidário? O Corno ação social?

Ela virou-se indignada. - Que corno o quê, larga de ser imbecil, eu não te trai.

Disse recomeçando a andar.

-Ah, não é traição para você, dizer que ama uma pessoa e chorar por outra? Você é a porra de uma mentirosa! Isso é o que você é!

Gritei, enquanto ela descia as escadas me ignorando, tampando os ouvidos e cantando. Bruxa maldita! -Tá ouvindo? O caralho de uma mentirosa!

2º ROUNDOnde histórias criam vida. Descubra agora