ROUND 28-Não dorme, caralho!

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NICOLE

Se eu estava com medo?

Não.

Teriam que inventar outra palavra no dicionário que descrevesse esse sentimento, porque essas quatro letras eram insuficientes para definir o pânico que eu sentia.

Eu tive dois momentos que pensei que fosse morrer de tanto medo, uma quando o homem colocou a arma em mim. A outra quando Jesse foi "convidado" a tomar um copo de uísque e desabou duro no chão.

Chorei rios. Claro que chorei. Eu pensei que ele tivesse morrido. Fiz um escândalo do tamanho do mundo.

-Ele tá só dormindo. Eu tenho que te levar para outro lugar e ele tornaria isso difícil. Iria me agredir e eu iria matá-lo. Preferi dar um sossega leão. Não posso correr riscos de matá-lo agora.

Foram essas as palavras do Victor quando ele viu toda a minha crise de histeria.

Isso aconteceu quatro dias atrás.

Agora eu estava aqui, olhando a minha cara cheia de olheira no espelho, esperando esse psicótico aparecer.

Eu não dormia direito desde esse dia, preocupada com Jesse.

Será que estavam o tratando bem? Eu não fui machucada em nenhum momento, será que foi assim com ele também?
Eu estava trancafiada num quarto normal, com uma cama confortável, banheiro e TV, o homem devolveu até as sacolas com meus chocolates.

Seria bom se meu celular tivesse vindo junto, para que pudesse chamar a policia, mas eu não estava com tanta sorte assim.

Dei um pulo quando escutei a batida na porta, ele era tão legal que avisava que abriria a porta. Esquisito não?

Ajeitei meus óculos na mesma hora que Victor entrou. Ele tinha um cigarro na boca e estava todo vestido de preto. Era bonito e mau como um demônio.

-Aula básica de cinco segundos. Se alguém conversar contigo, você vai apontar para o seu ouvido e sinalizar que é surda, se a pessoa insistir, você vai mostrar a boca como se fosse muda. Tradução: Hoje você não escuta e nem fala. Se desobedecer, eu corto sua língua. Entendeu?

Assenti e ele me ofereceu seu braço como se fosse um acompanhante desejado. Ele deu uma longa tragada em seu cigarro, depois jogou fora a bagana.

-Será que é hoje, que você vai viajar pras Europa?

Perguntou enquanto esmagava a bituca de cigarro com a bota.

-Esperamos que não, né? Eu apostei no Jesse, hoje. Não sei o porquê, mas alguma coisa me diz que ele vai ganhar.

Seu sorriso ecoava no corredor enquanto saíamos para o local da luta. Que Deus me perdoe, mas eu queria que esse homem morresse engasgado em sua própria fumaça.

O lugar estava repleto de gente, era um galpão de uma fábrica qualquer. Era também muito quente e barulhento.

Tinha um ringue no meio do galpão onde dois lutadores se agrediam de forma visceral.

A arquibancada era simples, e as pessoas que as ocupavam, sedentas por sangue, elas torciam e vibravam com cada ato de violência.

Arrepiei. Daqui mesmo eu podia ver o sangue no tapete. Era algo primitivo e brutal.

-Vamos lá para cima. Essa gente fede!

Victor psico disse, apontando uma área um pouco mais elevada.

2º ROUNDOnde histórias criam vida. Descubra agora