Round 13-Batendo de frente

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Eu estava tão feliz! O trabalho foi cansativo, mas em meu bolso, eu tinha duzentos reais que ganhei com gorjetas, valeu a pena trabalhar feito uma condenada.

Se eu ganhasse isso toda noite, compraria as coisas mais rápido que imaginei. Amanhã mesmo, eu tentaria fazer a primeira ultrassonografia, então, esse cansaço compensava qualquer coisa. Eu estava radiante.
Mamãe vai te conhecer bebezinho.
Eu estava sorrindo a toa, eu sorri até mesmo por
Paloma sair feito uma louca cantando pneus, mas meu coração quase
saiu pela boca quando Jesse abriu a porta de repente.

Gritei

-Ai meu pai do céu! Você quer me matar de susto?

Ele sequer me olhou, ele simplesmente me abraçou como se sua vida dependesse disso. Ele me imprensou em seus braços gigantes e eu me senti como um bichinho de pelúcia, eu fiquei lá, suspensa nos seus músculos, enquanto ele me balançava levemente.

Ele manteve a cabeça enterrada em meu pescoço e sua respiração alterada, raspava em meus ouvidos. Eu senti até mesmo, a confusão louca do seu coração batendo.

O que deu nele?

Alguma coisa estava errada. Ele nunca me abraçaria assim, tão apertado, apertado, a ponto de quebrar meus ossos. Ai Jesus!

-Você...Tá me esmagando- falei quase morrendo sufocada.

Ele me soltou imediatamente e cambaleei um pouquinho quando toquei o chão. Puxei de volta o ar para meus pulmões enquanto ele corria os olhos em mim da cabeça aos pés. Seu semblante uma mistura de alívio e desespero, seus cabelos estavam uma bagunça selvagem, ele estava ofegante e com uma cara esquisita. Eu nunca o tinha visto, tão... Descontrolado.

Sem dizer mais nada, passei por ele e entrei, foi quando sua voz grave estourou atrás de mim.

-Onde diabos você estava?-

Como assim onde eu estava?

-Eu...FFui tomar um pouco de ar!- Respondi atordoada, eu não funcionava na pressão, e nem sei por que menti, mas quando dei por mim, a mentira já tinha escorregado da minha boca.

Primeiro ele apertou seus olhos, depois levantou seu punho fechado na boca e soprou forte. Ele fez isso, três vezes consecutivas, enquanto andava de um lado pro outro, olhos trancados como se conversasse consigo mesmo, na quarta, ele olhou pra mim e sorriu. Mas não era aquele sorriso verdadeiro, era o que ele usava quando agia sarcasticamente.

-Eu estava aqui enlouquecendo e você estava lá fora, tomando ar?-

Eu detestava seu sorriso de escárnio. Ele tinha o poder de me encolher, de fazer com que eu me sentisse mal e estúpida. Exatamente como eu me sentia agora. Era tudo culpa da Paloma, aquela mentirosa.

Ela não o avisou.

Coitado, sabe Deus o que ele estava pensando.

Desculpe... - pedi tentando amenizar a situação, afinal, a idiota era eu por ter acreditado nela. A falsa ainda voltou lá para me pegar. Como uma pessoa podia ser tão cretina assim? Era muita cara de pau.

- Não! Não peça desculpas! Isso não vai adiantar porra nenhuma...Eu já estou cheio de ouvir essa palavra da sua boca. Você pede desculpa todo o MALDITO TEMPO!-

Ele gritou e eu tampei meus ouvidos, certo eu tinha errado, mas ele não precisava agir assim.
-Eu não sou surda. Não precisa gritar.
Falei baixo, talvez com meu tom de voz calmo, ele se tocasse que estava exagerando, mas a única coisa que ele fez, foi correr as mãos em seu cabelo e continuar brigando.
-Você tem noção, você faz ideia de como eu me senti quando cheguei
nessa casa e não te encontrei?

2º ROUNDOnde histórias criam vida. Descubra agora