JESSE RYAN
Eu conferi mais uma vez as horas em meu relógio de pulso, os ponteiros permaneciam exatamente iguais ao que eu tinha visto antes, era incrível, como o tempo parecia te zoar quando você estava esperando, parecia que ele rastejava lento.
Soprei meus punhos tentando controlar o impulso de fazer mais uma ligação, não queria ser aquele tipo de marido que mal deixava a esposa respirar, mas saber que Nicole estava meia hora fora do seu horário habitual, estava me assustando pra caralho! Ela nunca se atrasava.
Eu respirei fundo antes de discar novamente seu número, e quando ouvi a mensagem dizendo que estava fora de área, tive que refrear a vontade de atirar essa merda na parede.
A Universidade de Nova Iorque (New York University- NYU) ficava exatamente à meia hora daqui, era um caminho fácil, e ela o tomava todos os dias desde que começou a fazer a faculdade de Medicina.
O problema era que tinha começado a nevar, e eu ainda não tinha me habituado a esse período de tempo. Era só um monte de transtornos, e mesmo que não tivesse sido anunciada nenhuma tempestade de neve, que o gelo fosse apenas uma fina camada branca no asfalto, e que eu tivesse trocado os pneus do seu carro, eu ainda não conseguia espantar o pequeno temor socando meu peito.
- Ave Maria, te controla homem!
- Vó a senhora acha que estou exagerando?
Arqueei minhas sobrancelhas em dúvidas, não queria virar a porra de um dramático. Minha avó apenas sorriu enquanto fazia o seu crochê, ela morava com a gente desde que mudamos para cá há dois anos, e dizer que eu estava feliz por isso era eufemismo.
Entre meus treinos, a faculdade da Nicole, e cuidar de nossa família, a minha avó era quem segurava as rédeas dos nossos ajustes.
- Está filho, ela não tem como te ligar, se você não dá uma trégua para esse aparelho.- A senhora tem razão - Eu disse baixando o celular na mesinha de centro, e andando de um lado para o outro.
Quando um som cortou o ambiente, meu coração pulou apreensivo, mas não era o telefone, era a babá eletrônica emitindo um choramingo.
- Eu vou ver o que Bernardo tem, vó. Vou deixar o celular aí se não ficarei louco, se a Nicole ligar, me avise.
Subi os degraus de dois em dois, seria até bom se ele tivesse acordado só assim, eu me distrairia e pararia de me preocupar com sua mãe. Mas ele estava dormindo tranquilo quando deslizei dentro do quarto.
Suspirei e tomei um instante admirando meu pequeno homem, ele era tão perfeito e eu o amava tanto que era incapaz de colocar esses sentimentos em palavras. Mas seria capaz de matar e morrer por ele.
Talvez ele fosse crescer mimado com tanta proteção, mas eu não dava a mínima para isso.
Iria protegê-lo o resto da vida.Sempre fui ao seu socorro quando ele chorava, quando ele era apenas um pequeno bebê, sempre estive lá no primeiro grunhido ou fungado, ele nunca teve que chorar até perder as esperanças. Nunca.
A coisa mais gratificante para mim era ver o brilhinho dos seus olhos quando eu aparecia para resgatá-lo do berço, o pequeno suspiro de alívio que ele dava fazia-me sentir importante, a porra de um rei.
Hoje com quase três anos, ele ainda era um bebê, e eu não tinha mudado meu jeito de agir, nunca mudaria, poderia não ser o certo, poderia não ser o adequado, mas eu criaria meu filho, baseando- me naquilo em que acreditava.
E eu acreditava na frase: Quem ama, cuida!
Eu tiraria o máximo possível de pedras do seu caminho, estaria sempre na frente de peito aberto pra receber os piores baques.
Não que eu fosse viver as suas lutas, mas eu seria sempre o seu escudo, seríamos aliados nas batalhas da vida. Correríamos juntos, andaríamos juntos, iríamos rastejar juntos se preciso fosse, e eu estava cagando e andando, se isso fosse contra as regras dos especialistas em educação. Era Minha casa, minha família. Minhas regras.
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2º ROUND
RomanceJesse sempre lutou com unhas e dentes por tudo aquilo que acredita. Para ele, a vitória só é saborosa quando o caminho é percorrido na base da persistência. Com metas e objetivos traçados, ele não procura distrações. Ele precisa abrir sua academia d...