♚ II - 18 ♚

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Quando chegamos avistei a areia a e o mar calmo. Ao sair do carro fui correndo afundar meus pés na areia, aproveitando a liberdade e a sensação de estar viva por um milagre. O ventou batia levemente em meu rosto e em meus cabelos, eu pensei que nunca mais iria sentir essa sensação de novo.

Era maravilhoso estar aqui.

- Já que sentiu a liberdade, agora vem! – Vitor me puxou pelo braço, foi caminhando em direção as pedras. Onde nos reencontramos depois de anos.

Ainda fazíamos questão de ficar mais escondidos, ninguém sabia do que acontecia. Também todos sabem que Vitor é dono de um morro e eu sou irmã do Marcelo, ainda não sabem que eu sou a dona do Alemão, mas a cada dia que passa está cada vez mais difícil sustentar essa mentira. Meus inimigos estão aumentando, as invações constantes contra os morros e no meu morro está chamando mais atenção do que nunca, não vai demorar em policiais fardados até o pescoço jogarem o portão da minha casa no chão gritando "cadê a Sem Lei, cadê ela?".

Por enquanto eu não me esquento, Marcelo ainda me proteje e eu tenho meus soldados. Eu sei que vai chegar um dia e a minha foto vai está estampada em todos os jonais, mas não me importo. Eles vão subir o morro já sabendo que procuram uma mulher, e quando esse dia chegar – por que ele vai – eu sairei de lá intacta, e eles no chão. Ninguém me tirará de lá, ninguém vai tomar o que é meu.

- O que foi? – perguntei quando paramos ao lado das pedras.

- Nada. Só estava com saudades! – ele me prensou contra uma pedra e começou a me beijar.

- Há sei! – murmurei entre seus lábios, nosso beijo começou a ficar bem quente, Vitor já tentava tirar minha blusa quando escutamos passos de pessoas caminhando em grupo, rindo e procurando um lugar distante para armarem uma barraca.

Cacete.

- Puta que pariu! – Vitor reclamou, se afastando e voltando para o carro.

- Qual é? – perguntei irritada também. – NÃO DEVIAM ANDAR EM LUGARES MUITO DESERTO NA PRAIA, TEM MUITO TRAFICANTE POR AQUI!

Vitor riu lá na frente e eu corri para alcançá-lo. Pulei em seus costas e agarrei seu pescoço.

- Vamos para a minha casa.

Eu aceitei ir para o morro dele, mas o deixei ciente de que tinha uma arma. E que o menino dele estava no meu morro, no final nós rimos. Na entrada do seu morro, ele desceu os vidros para falar com um dos vigias dele. O cara se chamava Tómas.

- É a Sem Lei? – Tómas enfiou a cara dentro do carro só para verificar. – Eu não estou acreditando... – ele riu e fez um toque com Vitor, que estava rindo.

- Sou famosa aqui também? – perguntei ao Vitor e ele riu mais ainda, não me respondeu.

- Sigilo? – ele perguntou ao patrão dele, e Vitor disse que sim. – tudo bem. Nada de fofoquinha!! Mas faria bem pra tu falar que pegou a intocável do Rio!

Eu mordi os lábios, apenas para não rir. Não consegui! Eu comecei a gargalhar "intocável do Rio" tudo bem... Até em morros inimigos eu sou bem vista e mais poderosa do que pensei.

- Eu vou subir agora, qualquer coisa me avisa.

- Tudo bem, a gente se vê em rainha!! – Tómas disse pegando na minha mão e eu sorri educadamente.

- Esse cara é louco... – Vitor acelerou. – "Rainha". – ele bufou.

- Deixa de ser retardado, eu gostei! – dei de ombros.

A Dona Do Morro ♚ Primeiro ComandoOnde histórias criam vida. Descubra agora