Capítulo 3

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     Sam:

   Assistimos os últimos quase 30 minutos do filme que a Pamella estava assistindo quando cheguei. Ela chorou um pouco, mas eu não entendi nada, então simplesmente ri dela.

   Pamella tem olhos castanhos, cabelo cacheado na ponta, uma pele bem clara e sardas no rosto.

   Uns cinco segundos depois do término do filme, Pamella me deu uma almofadada.

    - Ai! Sua piranha! - digo, retribuindo.

    - Ei! O meu não foi tão forte! - rebate. Logo em seguida, me dá uma almofadada mais forte do que as duas anteriores e completa: - Sua cadela.

   - Vaca. 

   Atinjo sua cabeça.

    - Anta.

    Ela bate no meu braço esquerdo.

    - Chata.

    Miro na barriga, mas não consigo bater muito bem.

    - Ridícula.

    Ela bate na minha almofada e me desarma, aí começa a me atinjir em todos os cantos.

    - Sua trapaceira!!! Ai! É injusto! Ai, ai, ai, ai. Eu tô desarmada. Eu...

   - Então tá. 

  Em um segundo, Pamella joga sua almofada de lado e me ataca com cócegas.

   Baixo. Muito baixo.

   Solto um agudo um pouco alto no meio das risadas involuntárias que essa sensação terrível de terror da cosquinha traz e acabo parecendo um porco guinchando nos intervalos dos "Aiaiai"'s e das tentativas inúteis de falar alguma coisa. Não há muitos sons humanos saindo de mim agora.

    Por mais que eu tente me encolher ou contorcer, minha companheira de quarto consegue arranjar algum ângulo para me torturar. Tento segurar suas mãos, mas só tenho sucesso com uma.

     - Força totaaaaal!! - anuncia, logo antes de recuar, soltar a mão e mergulhar na minha direção de novo, voltando às cócegas.

    Em algum momento caímos no chão. A cabeça dela faz um barulho um tanto alto. 

    - Mas que cabeção, ein? - digo, em meio às risadas.

    Ela tenta retribuir com mais cócegas, mas consigo impedir.

    Nós duas tentamos nos recobrar um pouco. Pamella, ainda com um sorriso no rosto, ameaça me atacar de novo e eu mantenho a guarda alta.

    - Cara, eu tô suada.

    - Que condicionamento físico, ein, ruivinha.

    - É o cabeção. Pesa demais e coisa e tal. Ui, - diz, se abanando e tentando assoprar o próprio rosto - quente aqui.

    - Não! - digo, naquele tom de voz que é mais para chamar a atenção da pessoa à frase do que para negar algo - Pamella, lembra? - e imito uma personagem de um filme engraçado que vimos juntas, me abanando do jeito que ela fez.

    - Ui, ui, ui. - Pamella consegue fazer melhor, tremendo o corpo, revirando os olhos e fazendo a cara de quem tenta ser sexy mas só consegue ficar esquisita, todas características da personagem - Mas tá cariente - sim, ela falava errado - aqui. Uuuuuui.

    Solto uma gargalhada.

    - Não tema, pitel. - muda a voz para a de um dos homens que estava na cena - Não sou bombeiro, mas vou cuidar desse seu fogo. He, he, he. - diz, fazendo a cara de safado fajuto do filme - E te ensinar espanhol. Mi casa es su casa.

Cartas para WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora