Leo
Meus pais e a Alison me encorajaram e aconselharam a buscar a ajuda de alguém da minha turma com os estudos. Eu sempre tive o hábito de estudar em grupo: primeiro com os meus pais e minha vizinha, depois com meus pais e a professora particular, depois com meus pais, Scott e Matt e depois só com eles dois. Agora não tenho mais nenhuma dessas opções, então vou que criar um grupo com alguém de quem eu não goste – o que não significa que eu desgoste da pessoa, só que ainda não achei ninguém novo de quem eu gostasse na faculdade.
Não é que eu não entenda nada, mas ter um pequeno grupo de estudos, mesmo que seja só uma dupla de estudos, me acalma e ajuda a consertar os pequenos erros que surgem, vez ou outra. Foi uma das coisas que a Alison me ensinou. Ela é muito boa em controlar minhas recaídas, mesmo dizendo que sou o maior responsável pelas minhas próprias vitórias e, como não é de mentir, devo ser mesmo e talvez essa seja uma boa ideia.
- Senhor Mason.
- Leonard, Senhor Parker.
Ele hesita, mas não faço ideia do motivo. Será que não encontrou ninguém para me ajudar ou está com vergonha de falar quem foi? Ou será que não gostou do meu nome?
- Muito bem. – Muito bem o quê? – Aqui está o contato de uma aluna que se ofereceu em te ajudar.
Ele me entrega um pedaço de folha de papel e gosto do fato de ter sido rasgado irregularmente. Acaricio a borda, porque a sensação é boa. Isso me acalma, o que é bom, porque está muito claro aqui e claridade demais é um pouco estressante.
- Obrigado.
Saio sem ter olhado para o rosto do meu professor sequer uma vez, mas sei que seu blazer está descosturando no ombro esquerdo e tem uma mancha no quadro logo atrás dele, perto da orelha esquerda.
A Alison sempre me diz para olhar as pessoas o mais próximo possível dos olhos. Consigo fazer isso em Holmes Chapel, mas por aqui tudo ainda é muito novo.
***
Embaixo de seu endereço, a Samantha Byrne escreveu:
Horários disponíveis: Segundas, Terças e Quartas, das 16h às 18h.
E é justamente isso que me leva a estar parado, com a mochila nas costas, na porta do seu prédio às 15h58 de uma terça-feira.
Em dois minutos, aperto o botão. Ela não demora a descer.
- Oi! – diz, com a voz alterada, quando me vê.
Por que as pessoas mudam o tom de voz?
- Oi. Posso entrar? – pergunto, mesmo achando que devo poder, afinal, já começou o horário disponível. Mas é isso que vira e mexe dizem nos filmes e também que as outras pessoas dizem quando estou com elas, quando quem abre a porta já não abre dizendo "Pode entrar" ou coisa do tipo.
- Ah! Claro. Foi mal.
Aceno com a cabeça só para a Samantha saber que eu ouvi, mas não tenho nada para responder.
- Então você é o aluno que procurou o Senhor Parker, certo? – puxa assunto enquanto subimos no elevador.
- Sim.
Ela fica quieta por um instante, solta um "Legal." e fica quieta de novo.
Não entendo bem o porquê de ser legal, mas fico feliz por isso, eu acho. Isso deve significar que ela não me odiou, o que é sempre bom. Acho que ela me acha legal.
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Cartas para Wendy
Romance"Pessoas são como flores: não as escolhemos pelo que as torna forte, mas pelo que as torna frágeis. Assim como as pétalas das flores caem, nossas fraquezas também somem, mas isso deixa nosso núcleo exposto demais e, este precisa ser protegido por n...