Capítulo 12

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    Leo:

   “EU SOU IDIOTA. IDOTA. IDIOTA! MAGOEI A SAM. IDIOTA. IDIOTA. IDIOTA. IDIOTA! “SIM” ERA A RESPOSTA CERTA! IDIOTA. IDIOTA. IDIOTA! E EU NÃO PUDE NEM PERCEBER ISSO!”.

   Eu estava prestes a escrever mais quantas vezes fosse necessário que sou um idiota, quando percebi que apertava a caneta com tanta força que a quebrei. Joguei os restos no chão e encarei a folha do caderno: rabiscada, manchada de tinta de caneta, cheia de insultos direcionados a mim e escritos por mim, cheia de rabiscos confusos e escuros. De alguma forma, era assim que eu me sentia: confuso, escuro e com raiva de mim mesmo.

   Eu estava com tanta raiva que poderia me espancar. Ou explodir. Nem mesmo me balançar estava melhorando a sensação de explodir.

   Agarrei meu cabelo como se, caso continuassem preso a mim, ele fosse pegar fogo, porque essa era a sensação.

   Ouvi o barulho de alguém andando e, por instinto, olhei.

   - Ahm... desculpa. Só vim buscar um copo d’água. Não queria incomodar. – lá estava ela: no outro lado da sala. Quando seu olhar se direciona a mim, me encara com uma expressão que parecia misturar medo, susto, preocupação e tristeza; sempre evitando olhar na direção dos meus olhos. Eu sou o pior ser humano que existe por deixá-la assim. – Você tá bem?

   - Sim... eu acho. – não queria usar a palavra talvez nunca mais, pelo menos não perto dela – Eu só... sabe... eu... ahm... na verdade, não sei o que aconteceu. – isso não é totalmente mentira; eu sei sei ao certo o que aconteceu.

   - Sua mão tá sangrando.                                                                                                   

   Olhei para minha mão – que eu não tinha percebido que sangrava um pouco –, me levantei da cadeira que fica perto da janela e fui até o banheiro para pegar o kit de primeiro socorros. Tentei começar o curativo sozinho.

   - Você precisa de ajuda?

   Na verdade, acho que não precisava, mas aceitei.

   Coloquei a maletinha com os remédios e curativos em cima da mesa. Sam e eu nos sentamos em cadeiras que ficam uma ao lado a outra, mas estávamos de frente um para o outro enquanto ela cuidava do corte na minha mão, ainda mantendo o olhar longe do meu rosto.

   - Parece que você tá sempre cuidando dos meus machucados. – falei e ela esboçou um sorriso, mas eu sabia que ela não estava feliz e só veio por causa da Maddie – Obrigado.

   - Sem problemas. – ela falou, colocou as coisas de volta na maletinha e se levantou para pegar sua água.

   - Sam, - falei quando vi que ela estava voltando para o quarto e ela parou – a gente podia ir ao terraço. O céu está bonito hoje, cheio de estrelas. A gente podia fazer um mini piquenique.

   Ela só não pode lembrar que eu não como tarde assim..., pensei.

   - Não sei se é uma boa ideia. – o fato dela estar de costas para mim e sua voz estar triste só me fez sentir mais urgência em conversar com ela, a sós.

   Eu não me importo de conversar com alguém que está de costas, mas sei que a Sam gosta de olhar nos olhos quando fala, te mostrando toda a verdade no que diz e examinando todo o caminho até sua alma.

   - Matt e eu vamos lá direto, não tem problema. Não vai demorar muito. É bom pra conversar.

   - A gente tem alguma coisa para conversar? – ela finalmente olhou para o meu rosto, mas não parecia nem um pouco mais feliz do que tem estado ultimamente.

Cartas para WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora