Capítulo 18

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    SAM

   - Pamella?

   - Eu.

   - Posso confessar algo bem idiota, em plena manhã de domingo, depois de uma faxina cansativa?

   - Lá vem merda. – ela, deitada ao meu lado no tapete da sala, virou a cabeça para me encarar. Ao contrário de sua fala, seus olhos me encorajaram – Pode falar.

   - É bem idiota.

   - Pode me contar qualquer coisa, lembra? Desde quando você me grita e faz com que eu interrompa meu momento de fazer os deveres de casa pra te fazer perder a preguiça de ir ao banheiro até seus maiores medos, passando pelo fato do seu cocô estar fedendo no meio do caminho. Tá escrito no nosso contrato. É só conferir na geladeira.

   - E se for mais idiota do que o cheiro das minhas fezes?

   - Olha, aí eu acho que você precisa de um parâmetro melhor de idiotice, porque seu julgamento tá meio bizarro. Fala logo.

   - Eu tenho saudades do Ryan. – eu disse. Vi que ela leva um segundo para receber a informação – Não do jeito que você pode estar pensando. Ele só... faz falta, eu acho.

   Preparei a mim mesma para ouvir um “Comeu merda?”, mas Pamella me surpreendeu.

   - Talvez você devesse ligar pra ele. O cara foi um babaca e vocês terminaram e tal, mas eu acho que entendo seu ponto de vista. Ele foi importante. Não é tão simples assim deixar pessoas importantes para trás.

   -Sim. É exatamente isso.

                                               ***

   Naquela noite, sonhei com a vez em que Ryan e eu fomos àquela pizzaria, que era a minha favorita de Holmes Chapel.

   Tinha chovido muito no dia anterior e a previsão praquele dia era de chuva também, porém só para a noite. Nós fomos de tarde, então eu vesti meu vestido favorito até então: um verde-água de renda e com um forro tomara-que-caia.

   Lauren disse que ia com a gente, mas não foi. Depois de um tempo, descobri que isso já estava planejado.

   Eu tentava não deixar óbvio que estava derretida por ele, mas não era nada fácil, principalmente quando ele passava as mãos pelo cabelo, fazia alguma careta, sorria ou arranjava alguma outra forma de ser o ponto alto do meu dia. Ryan nem percebia como isso sempre mexeu comigo.

   Quando ele estava estacionando o carro, começou a tocar minha música favorita na rádio. Eu não conseguia ficar parada ao ouvi-la, o que sempre o fazia rir. Daquela vez, me controlei, mesmo sabendo que eu queria sair por aí dançando pelo estacionamento como se não tivesse amanhã.

   Escolhemos uma daquelas mesas com poltronas, porque eu sempre achei essas poltronas muito legais.

   A pizzaria não estava cheia. Conseguimos uma caneta e estávamos jogando forca em um guardanapo enquanto esperávamos a pizza chegar, até que ele se levantou, dizendo que eu estava roubando e que ele ia verificar, mas, ao invés de sentar ao meu lado, se ajoelhou no chão e segurou minha mão.

   - Eu sei que você é uma trapaceira na forca e nos outros jogos que ganha de mim, e que eu não sei perder e posso ser um pouco competitivo demais às vezes... – fez uma careta divertida – Enfim, eu não sou lá o Senhor Perfeição e sei que é difícil pras garotas essa coisa de sair da Zona da Amizade, mas eu realmente gostaria que você fosse minha namorada, apesar desse pedido incrivelmente mal feito. – nós dois rimos, e lembro que no meu caso foi por não acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Ele concluiu, todo sem graça e um tanto nervoso: – Ahm... meu joelho ta coçando, então seria legal se você respondesse.

Cartas para WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora