Capítulo 7

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                            LEO

   Enquanto eu estudava, tive uma dúvida e liguei para Sam, mas ela não atendeu. Mais tarde, liguei de novo e o resultado foi igual. Esperei por mais um tempo e, como ela não atendia, fui até seu prédio.   

   Quando cheguei à fachada, encontrei Pamella. Conversamos até chegarmos à porta.

   - Não sei nem como agradecer por você ter me dado o telefone da Alison! O trabalho que ela faz naquela ONG é lindo, inexplicável! Muito obrigada, sério!

   Eu ri e respondi:

   - Não precisa agradecer, só te dei o telefone porque achei que vocês se parecem.

   Ela ficou muito feliz com a comparação.

   Pamella abriu a porta e começou a chamar por Sam, que não estava lá.

   Ela ligou para Ryan.

   Sam não estava com ele.

   Começamos a ficar preocupados. Sam não estava em nenhum lugar – isso, é claro, é uma força de expressão. Ela precisa estar em algum lugar, só não é um lugar no qual espera-se que ela esteja.

   Procuramos no parque, na pizzaria, ligamos para Matt e Scott; ninguém sabia onde ela estava. Toda vez que ligávamos para ela, acontecia a mesma coisa: ninguém atendia.

   Foi então que me surgiu uma ideia em mente. Voltamos para o apartamento. Como eu suspeitava, as chaves do carro não estavam lá.

   - Você vem comigo?

   Ela concordou com a cabeça e nós dois saímos correndo em direção ao meu carro e fui o mais rápido que pude. Em parte do caminho, Pamella começou a chorar.

   Eu sabia que tinha que falar alguma coisa. Mas falar, ouvir e dirigir seria demais para mim. Foquei na músicia clássica tocando ao fundo dessa confusão toda e, quando parei em um sinal, falei:

   - Fica calma. O trânsito tá bom. A gente não deve demorar muito. Ela tá bem.

   - Como você tem tanta certeza? Aliás, pra onde a gente tá indo?

   - Eu simplesmente acredito que ela tá bem. – não respondi à outra pergunta e ela estava nervosa demais para perguntar de novo.

   Depois de algum tempo, Pamella começou a se acalmar e parou de chorar. Ainda bem.

   Quando chegamos, bati à porta e sua mãe a abriu. Enquanto nos cumprimentávamos, ouvi um barulho bem baixinho e vi um vulto passando pela porta dos fundos e a encostando quase que silenciosamente, na parede mais distante da qual se encontra a porta principal de entrada, do outro lado da sala.

   - A Sam tá no quarto, ela não tá muito bem. Mas acho que vai ser bom receber a visita de vocês. Ainda assim, é melhor ir um de cada vez.

   - Sra. Byrne, você se importa se eu for brincar com o Ben no quintal dos fundos enquanto Pamella e Sam conversam?

   - Não, sem problema. Vamos, Pamella, eu te levo até o quarto dela.

   Fui ao quintal dos fundos. Me preparei para ouvir o latido surpresa de Ben, mas ele não latiu.

   Como eu já esperava, o vaso com os arbustos estava fora do lugar.

   Passei pelo buraco e corri pelo meu antigo quintal até a árvore. Ela estava lá, na casinha, encolhida em um canto, encostada nas paredes, com a cabeça escondida entre os joelhos e chorando muito. Fechei a portinha assim que subi e ela falou, com a voz trêmula:

Cartas para WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora