Capítulo 5: Alistamento de Michael

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O povo se acotovelava na praça do palácio real. Dos 68 mil habitantes de Samaria, cerca de 8 mil se faziam presentes, em geral, os chefes de família. Dentre eles se encontrava José; mas ele não fazia ideia que Michael estivesse ali também, a uns 20 metros de distância.

Os 8 anciãos estavam postados na entrada do palácio. De repente, um homem vestido com túnica e manto da nobreza pegou um cone para servir de amplificador da voz e gritou a todos pulmões: _ Povo de Samaria, os assírios estão nos cercando com aproximadamente de 150 mil soldados treinados e fortemente armados. Nós não teremos chance de viver se os confrontarmos no campo aberto. A nossa melhor chance é resistirmos a eles dentro dos muros da cidade. Nós temos provisões armazenadas por um bom tempo, mas é imprescindível que cada um coma apenas o indispensável para a vida. Quando acabar a comida em sua casa, o chefe de família deverá dirigir-se ao armazém principal e receber a sua cota semanal de acordo com o número de pessoas na família. Os agricultores deverão se apresentar a partir de amanhã nesta praça, onde nós iremos dividir os serviços de cultivo. Todos os lugares da cidade que possam ser cultivados, o serão, e estão agora requisitados para esse fim, mesmo que particulares. Nossa maior preocupação é com a água, então, a partir de amanhã, neste local, deverão se apresentar os cavadores de poços. Nós temos 22 mil soldados, mas queremos aumentar esse contingente. Todo homem que tenha idade entre 12 e 42 anos deve apresentar-se no palácio militar a partir de amanhã para ser incorporado na unidade militar, com exceção dos ferreiros, agricultores e cavadores de poços.

_ Voltem para suas casas e tranquilizem as suas famílias. Se vocês estiverem preparados para resistir ao cerco, podemos garantir que a cidade não cairá nas mãos dos assírios.

Aos poucos, a multidão foi sendo dispersada.

Michael chegou a casa onde Rute o esperava à porta: _Onde você estava meu filho? _ Mãe, eu quero me alistar no exército.

Michael sabia que somente conseguiria seu intento com a aquiescência de sua mãe.

_ Meu filho, você só tem 12 anos; é ainda uma criança.

_ Não sou mais criança, mãe. Já tenho 13 incompletos e a cidade está precisando de guerreiros a partir de 12 anos.

_ Meu filho, eu não concordo que você vá enfrentar esse exército assírio monstruoso.

_ Mãe, nós não iremos sair da cidade; serão apenas soldados que irão defender os portões da cidade, apenas isso. Por favor, mãe. Você sempre me diz que eu posso ser quem eu quiser e agora eu quero ser militar.

_ Vou conversar com o seu pai quando ele voltar.

_ Precisa ser logo, mãe, porque a apresentação para incorporação será amanhã.

_ Coma alguma coisa e vá deitar-se. Eu prometo que falarei com o seu pai logo que ele chegar.

Já eram quase dez horas quando José assomou à porta de casa onde Rute o esperava. _ Está tudo bem, José? Sim, nós vamos ficar bem, precisamos economizar na comida e, amanhã, você e Michael devem apresentar-se na praça do palácio real para receberem as suas tarefas agrícolas.

_ José, o nosso filho já é um homem e ele pode tomar as suas próprias decisões.

_ O que você quer dizer com isso?

_ Ele está decidido a alistar-se no exército. Ele vê você como seu modelo e quer seguir os seus passos.

_ Então, ele já a convenceu? Está bem, ele já tem idade para escolher o que vai fazer da vida dele.

Tendo ouvido isso, Michael virou-se para o outro lado da cama e adormeceu.

No dia seguinte, Michael foi com seu pai até a praça do palácio militar, onde ele foi alistado.

_ Homens, disse o comandante Daniel, a situação é grave, mas nós temos chances de vencer os assírios pelo cansaço. O exército assírio terá, também, dificuldades para manter-se fora dos muros de Samaria e nós, certamente, não iremos facilitar a vida deles. Em primeiro lugar, preciso de voluntários para manuseio do arco e flecha. Nós vamos impedir que os assírios se aproximem da fortaleza. Aqueles que são voluntários, disponham-se à minha direita. Michael dirigiu-se para a direita de Daniel.

_ Muito bem, vocês são suficientes. Vocês estarão sob a autoridade do sub-comandante Eliézer. Mostre-se Eliézer! Então um homem grandalhão e barbudo ergueu a mão.

Hoje, vocês começarão a treinar arco e flecha na parte leste da Cidade e aprenderão a fabricar as próprias flechas. Sigam a Eliézer! Os demais irão compor a guarda que vai proteger os portões de Samaria e estarão sob meu comando direto.

Michael seguiu o grupo comandado por Eliézer, dirigindo-se a leste da fortaleza, onde havia um descampado de cerca de 800 metros quadrados, onde transcorriam os treinamentos de arco e flecha.

Michael tinha jeito para o arco e em poucos minutos aprendeu a segurá-lo corretamente e atirou algumas flechas certeiras no alvo, o que não passou despercebido aos olhos atentos de Eliézer.

Michael, à noite, estava se revirando na cama. Tinha um misto de orgulho por se sentir útil à comunidade, mas estava preocupado com Penina. Provavelmente, ela irá trabalhar como agricultora. Mas o serviço militar começava muito cedo e não seria possível conversar com Penina.

Bem, pensou ele, amanhã vou pensar em algum modode falar com ela. )ڒ

O efraimita: a tribo perdida de IsraelOnde histórias criam vida. Descubra agora