Capítulo 8º: O estratagema de Michael

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 Enquanto caminhava para a muralha, Michael teve um lampejo de criatividade. Apressou o passo e encontrou Eliézer no corredor elevado da muralha.

_ Comandante, eu tenho um plano de ataque.

_ É mesmo? O que alguém da sua idade entende de guerra?

_ Posso não entender muito de guerra, mas entendo de tempo e o tempo está a nosso favor, respondeu Michael.

_ O que tem em mente?

_ Nós podemos infligir um ataque de flechas incandescentes sobre o acampamento assírio, antes que eles tenham tempo de revidar.

_ E como faremos isso? Perguntou interessadamente Eliézer.

Michael precisou de 10 minutos para convencer Eliézer e este chamou a Daniel para obter a autorização para o ataque.

_Tudo bem, Michael, exclamou Eliéser resignadamente, escolha 20 arqueiros que irão junto com você! Eu vou preparar a fornalha.

Michael escolheu os 20 arqueiros e, dentre eles, a Simeon, que era um excelente arqueiro com quem tinha feito amizade.

Michael ficou embaixo da muralha à frente do portão e, quando recebeu o sinal verde de um soldado da muralha, mandou abrir o portão. Ele, os 20 arqueiros e mais dois soldados que carregavam a fornalha, desceram rapidamente o monte até chegarem a cerca de 70 metros do acampamento assírio.

_ Acendam as flechas, ordenou Michael, e atirem em seguida rapidamente, tantas vezes quanto puderem até eu dar o comando para retornar.

As flechas receberam na ponta um material inflamável e os arqueiros encostavam a ponta da flecha na fornalha para incendiá-la. Além de serem letais, elas ainda provocariam incêndio.

As flechas incandescentes subiram ao céu para atingir o acampamento assírio, provocando incêndio nas barracas, além de ferir e matar dezenas de assírios. Por mais duas vezes, o ataque foi empreendido e Michael gritou: _ Voltar imediatamente. Mesmo assim, alguns arqueiros atiraram mais uma flecha incandescente.

Os assírios começaram a subir o monte meio cambaleantes de sono e sem a indumentária militar completa, mas estavam furiosos. Porém, encontrando-se deles a uma distância de cerca de 60 metros, Michael e seus companheiros conseguiram chegar ao portão principal e todos entraram na cidade, fechando-se rapidamente o portão, que foi trancado em seguida. Enquanto isso, os arqueiros da muralha alvejaram os assírios que subiam a montanha e todos tombaram.

Os guerreiros efraimitas deram urros de celebração, enquanto o alaranjado vivo do fogo pincelava a pretidão da noite, destruindo a parte frontal do acampamento assírio.

Eliézer pôs a mão no ombro de Michael e disse: _ Eu quero que você seja o meu auxiliar direto e conselheiro daqui para frente.

_ Sim, senhor, respondeu Michael orgulhoso de si.

O mesmo ataque não poderia mais ser realizado com o mesmo êxito, pois os assírios destacaram cerca de 40 homens para se estabelecerem, com grandes escudos, no meio caminho do sopé do monte.

Michael sabia que as vitórias obtidas eram muito pequenas frente ao poderio militar dos assírios. Seria necessário muito mais que derrubar uma centena de assírios para que obtivessem a pretendida liberdade.

O estoque de flechas estava acabando e Eliézer determinou a derrubada de duas casas para aproveitamento da madeira. A força efraimita não poderia dispensar o arco e flecha, porque este era o trunfo que impedia o uso do outro aríete pelos assírios.

Quanto mais tempo Samaria iria suportar o sítio e quanto tempo mais os assírios estariam dispostos a mantê-lo? Eram as perguntas que Michael se fazia enquanto caminhava para casa após o término do seu turno. 

O efraimita: a tribo perdida de IsraelOnde histórias criam vida. Descubra agora