Capítulo 10: Mazel-tov

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O efraimita: a tribo perdida de Israel


Capítulo décimo

Mazel-tov

Chegara o dia tão ansiosamente aguardado pela comunidade hebraica de Samaria e também, certamente, por Michael e seus pais. Afinal, Michael era considerado um herói de Samaria tanto para adoradores de Jeová, quanto para os de Baal e Marduk.

A comunidade toda estava convidada para a celebração, que seria realizada no Templo efraimita.

Michael já havia completado naquela semana treze anos e um dia! Depois da comemoração do mazel-tov, ele seria considerado bar-mitzvá (filho do mandamento): um adulto com todos os ônus e bônus dessa travessia, habilitado para fazer a leitura do Pentateuco no Templo, casar-se e formar família, participar das tradições e decisões religiosas, quando a isso fosse convocado.

Era dia de sábado e Michael não trabalhava nesse dia. Apenas os soldados que não tinham esse impeditivo religioso deveriam ocupar seus postos.

Michael levantou-se cedo e lavou-se demoradamente ao estilo hebraico.

Vestiu uma tanga e, por cima, uma túnica de linho colorida, toda trabalhada nas bordas superiores, presa na cintura por uma cinta de linho. A cor predominante da túnica era azul.

Também Michael separara o Tali branco com listas azuis acompanhando a largura, nas laterais, que era um xale de lã contendo franjas nas 4 bordas, chamadas de tzitzit e, sobre elas, um cordão azul celeste, para ser utilizado quando fosse ler a Torá, tudo evocando o conhecimento e o cumprimento dos mandamentos de Deus (Nm 15:38-41 e Dt 12;12).

Enquanto isso, Penina também se preparava para o grande dia de Michael. Ela já era desde o ano passado bat-Mitzvá (filha do mandamento), quando completara doze anos e um dia.

Ela vestia uma túnica de cor salmão, trabalhada com uma espécie de bordados verticais em todo comprimento da túnica. Vestia uma cinta de fino linho de cor roxa na cintura e, na cabeça, uma tiara preta na terça parte da cabeça, presa a um véu com o mesmo tipo de linho da cintura, ressaltando os seus belos cabelos pretos.

No templo, Marducai esperava Michael e já dispusera o pergaminho que fora escolhido por Michael para a leitura da Torá naquele dia.

Chegada a hora, o templo estava lotado. Marducai cumprimentou a todos e entoou um hino de louvor a Javé. Depois, chamou alguém, que fez um resumo da situação da comunidade e do cerco a Samaria. Depois Marducai disse:

_ Hoje, estamos comemorando uma data muito importante para toda a comunidade efraimita e também para a cidade de Samaria. Hoje Michael, filho do guarda real, José, será bar-mitzvá. A nossa oração é para que ele ande nos caminhos de Javé e tenha uma vida abençoada e feliz. E, também, é claro, que ele continue a proteger-nos, pois ele é um destacado soldado de Samaria, recentemente promovido a auxiliar do subcomandante Eliézer.

_ Assim, convido Michael, filho de José e de Rute, para vir á frente e fazer a sua primeira leitura pública da Torá.

Michael levantou-se e chegou à frente já fazendo uso do Tali. Abriu o pergaminho que já estava disposto sobre a mesa, e disse: _ Essa é a porção da Torá que escolhi para ler hoje e que me acompanhará todos os dias da minha vida: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serás por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas".

Marducai tomando a palavra, disse: _ Agora eu convido Elias, o cuteleiro, para vir à frente e dar a Michael o seu presente. Elias entregou a Michael o tefelin, que são duas caixas quadradas feitas de couro, que contêm 4 textos da Torá escritos em pergaminho. Os dois abraçaram-se emocionados.

_ Michael escolheu justamente hoje, ler uma das quatro porções da Torá contidas no Tefelin, ajuntou Marducai, a qual fala do amor que devemos devotar a Javé. E o amor a Javé está no princípio do cumprimento de toda a Torá. Se amamos Javé de todo o nosso coração, de toda nossa alma e de todas as nossas forças, certamente, faremos aquilo que agrada ao nosso Deus.

Depois de terminado o culto, Michael postou-se na porta principal para cumprimentar todos os que compareceram no templo. Quando chegou a vez de Penina, ele apenas exclamou: _ Você está linda, Penina! Ao que ela respondeu: _ Você também não está tão mal assim! Você e seus pais almoçam na minha casa hoje!

Caleb e José foram na frente seguidos a certa distância da mãe de Penina, Ester, e de Rute.

Por último, vinham Penina e Michael.

_ E, então – indagou Penina - como se sente agora sendo bar-mitzvá?

_ Considerando-se que vivo numa cidade sitiada por 150 soldados inimigos, sinto-me bem! Penina, eu não posso te prometer muita coisa; não sei como será o teu e o meu futuro; mas tenho uma certeza: te amo e quero fazer-te feliz enquanto isso for possível! Você aceita casar-se comigo?

_ Michael, também tenho uma certeza: amo-te e quero fazer-te feliz. Eu aceito!

Os dois pararam, viraram-se um para o outro e encontraram seus rostos para um demorado beijo. Rute e Ester haviam olhado para trás, enquanto isso, e apertaram-se as mãos por um instante num sinal de que estavam felizes e aprovavam o namoro de seus filhos.

Chegando a casa de Caleb, confraternizaram o mazel-tov com danças e canções. Todos esqueceram, por um dia, que o tempo deles estava contado; que não sabiam quanto tempo ainda iam viver, mas celebravam a vida; a vida que Javé tinha lhes dado naquele dia.


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