Capítulo 12º: Michael vai ao palácio real

20 0 0
                                    


O palácio real era magnífico. Fora construído pelo rei Acabe para homenagear a sua esposa Jezabel. A entrada era guarnecida por dezenas de grandes pilares e a porta principal era feita de cipreste maciço. As paredes do interior eram todas decoradas com pinturas e revestidas em ouro.

Ao adentar no átrio, não precisou se apresentar. O chefe do cerimonial veio ao seu encontro.

- Michael, o que o traz aqui?

_ Meu pai está? Tenho um assunto urgente a tratar com o concílio.

_ Não, o seu pai está na muralha, ao leste. Deixe as suas armas na entrada. Eu vou verificar a disponibilidade dos anciãos. 

_ Michael, pode entrar. Disse o chefe do cerimonial, após algum tempo de espera.

Os anciãos estavam todos assentados. Havia três anciãos que eram da religião hebraica, três que professavam a Baal e dois deles eram religiosamente neutros.

Michael, sente-se! O que há de tão importante para ser dito na véspera do sábado, quase ao pôr do sol? Disse o ancião mais antigo, Alex, ao tempo em que se adiantava para cumprimentar Michael com um abraço.

_ Infelizmente, não trago boas notícias. Michael, então, explanou a proposta dos assírios.

_ Nada mais querem eles que uma rendição total! É disso que eles tratam?

_ Infelizmente, nós não estamos em posição para ditar os termos da rendição. Disse Alex resignadamente.

_ Mas, e que garantia os assírios nos dão de que a sua palavra vai ser cumprida, e que nós não seremos esfolados por esses bárbaros cruéis.

_ Michael, quanto tempo nós podemos aguentar com nossos mantimentos e nossa produção agrícola?

_ De acordo com o último levantamento, entre 12 e 18 meses aproximadamente, dependendo do consumo e da produção.

_ De quanto tempo nós dispomos para dar a resposta, Michael?

_ Até depois de amanhã, às duas horas da tarde.

_ Anciãos - tomou a palavra Michael após um minuto de silêncio - gostaria de sugerir que essa decisão seja levada à assembleia, para que a decisão possa ser amadurecida e aceita por todos. Trata-se de uma decisão que toca diretamente a cada pessoa.

_ Você está sugerindo que a assembleia seja realizada no sábado, Michael? Perguntou bondosamente o ancião mais antigo.

_ Sim, isso nos dará tempo para definirmos a nossa estratégia e para a convocação de uma segunda assembleia se for necessário. Se há algum momento em que se justifica a quebra do dia de sábado, com certeza será amanhã.

_ Para mim – disse o ancião mais antigo – o parecer de Michael é prudente, porque se fôssemos dar o veredito entre nós seria muito provável uma reação violenta dos opositores. Assim, voto pela realização da assembleia amanhã mesmo, às 9 horas da manhã, e destaco o Michael para presidir a assembleia.

_ Um a um, os anciãos foram fazendo o sinal positivo para o voto do ancião mais antigo, que restou aprovado por unanimidade.

Michael saiu do palácio real pensativo. Não encontrou seu pai, com quem quisera se consultar. Agora, os anciãos também transferiam a responsabilidade para ele. A rendição poderia ser uma boa escolha, desde que ela fosse observada pelos assírios. Por outro lado, talvez os assírios desistissem do cerco mais adiante.

Dirigiu-se até a muralha e transmitiu a Eliézer o que tinha sido decidido.

_ Michael, você não fez nada do que eu lhe disse! Falou exasperado Eliézer.

_ Eliéser, essa foi a decisão do concílio. Retrucou Michael.

_ Eu quero que amanhã - disse Eliézer aproximando-se de Michael e falando pausadamente - você recomende a rejeição da proposta.

_ Não posso fazer isso, Eliézer, eu serei neutro. Eu vou dar todas as informações e deixarei que a assembleia vote soberanamente.

_ Michael, eu somente vou mantê-lo no seu posto, porque você é um filho da mãe! E Eliézer saiu dali praguejando.

Michael dirigiu-se a sua casa e logo adormeceu.





O efraimita: a tribo perdida de IsraelOnde histórias criam vida. Descubra agora