Brittainy
— Olha pelo lado bom, filha. Você pode continuar fazendo balé e escrevendo, já que não precisa das mãos no primeiro, e aprendeu a escrever com a outra. — meu pai falou, tentando me animar.
Não respondi. Não queria discutir com ele, nem falar com ninguém. Depois que o cara da bicicleta me atropelou, ele tentou me ajudar, mas o Derren ligou pra minha casa para o meu pai vir me buscar e me levar no hospital, como deixou claro na ligação. Ele tem o telefone porque o capitão tem o contato de todos os atletas, segundo o mesmo. Meu pai, educadamente, disse ao cara da bicicleta que estava tudo bem e que acidentes acontecem. Ele foi embora no mesmo minuto. Estava bastante assustado.
Talvez porque um jogador de futebol americano foi o primeiro a correr até mim. Com certeza foi isso.
No hospital, o médico fez um raio x da mão machucada, e disse que só havia torcido o pulso, mas ficaria pelo menos sete dias de molho para o ligamento se recuperar. Foi uma torção de grau 1, ao menos. Coloquei uma bandagem, e ele sugeriu que eu usasse gelo pelo menos duas vezes por dia na região dolorida, e, tendo diminuído a dor, tentasse fazer movimentos simples. De qualquer forma, eu voltaria ao hospital daqui uma semana, pra ver como estava. Meu pai seguiria para uma reunião, por isso o Zachary me levou pra casa, mas me parou antes que eu pudesse entrar.
— Penelope, você sabe que lesões fazem parte do futebol americano. Deus sabe como isso poderia ter acontecido em campo um milhão de vezes. O fato de ter acontecido fora de campo não faz muita diferença, uma vez que jogadores estão sempre se machucando. Respeite o tempo que o médico pediu, e em uma semana você estará no campo de novo. Se você não respeitar, estará suspensa por cinco jogos. São as regras.
— Tudo bem. É minha mão que está doendo, eu sei o que não quero. Se eu ficar mais de uma semana longe, por favor, não me expulse do time.
— Não irei. Sei o que são lesões doloridas. Mas se eu sonhar que você tá forçando sua mão, são cinco jogos fora.
— Eu entendi, capitão. Obrigada pela carona.
Entrei em casa, e me dirigi para o quarto, para me trocar para o balé. Tirei a blusa, a bermuda, soltei o rabo de cavalo, chutei o tênis, e vesti o collant, a meia calça, a saia, e as sapatilhas, tudo com uma mão só. Corri no banheiro e fiz um coque, usando um pouco da outra mão. Pronto. De jogadora a bailarina em menos de dois minutos.
É fácil ser as duas coisas.
Peguei minha bolsa da dança, e saí correndo para o espaço da aula. Que já tinha começado. A professora ficou preocupada com a minha mão, e expliquei que não era grave. Como eu dançava com os pés, tive zero problemas na execução dos movimentos, ainda que utilizássemos as mãos em certos passos, e consegui ensaiar perfeitamente bem. Estamos nos preparando para a apresentação de inverno, e já assisti duas vezes as apresentações dessa companhia, uma vez que não me apresento. Quando terminei o ensaio, fui me alongar, e a professora se aproximou.
— Você mudou de escola hoje, né? Deve ter sido estranho.
— Sim, e foi estranho. Mas não posso morar em uma cidade e estudar em outra, fica difícil para os meus pais. E com a transferência definitiva do meu pai para cá, não tive como ficar mais lá. — digo pesarosa.
— E você já conseguiu entrar no time de futebol?
— Sim. Não é o time mais agradável, mas dou meu jeitinho.
— Eu já ouvi falar bastante dos jogadores daquele time. A conduta de todos é perfeita como estudantes, mas já ouvi comentários sobre alguns jogadores que não são muito legais. Te desejo boa sorte, e peço para que tome cuidado.
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Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1
Teen FictionBrittainy está acostumada a ser a única. A única filha em casa, a única boa aluna, a única mulher no meio dos homens do futebol americano. Ao se mudar para Lincoln, Nebraska, é tirada da zona de conforto por seu mais novo capitão, Zack Derren, que t...