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Não há conforto na verdade,
Dor é tudo que você encontrará.
(Careless Whisper - George Michael)
Brittainy

— Se eu fosse você, tomaria cuidado com quem anda. — o Peter sussurrou no meu ouvido, enquanto desfilava rumo ao vestiário dele. Assim começou o clima do jogo.

Como eu já vim pronta, fiquei esperando os outros saírem do vestiário, sendo obrigada a ouvir hostilidades dos meus ex colegas de time, enquanto I Say A Little Prayer tocava nos meus ouvidos em um volume saudável... e infelizmente, baixo demais. Mudou para Freedom 90 no momento em que o meu time subiu as escadas para o campo. O hino ainda demoraria um pouco, já que os donos da casa não subiram, então pude ouvir a música e refletir sobre o sentido dela. Tive vontade de pegar uma caixa de som enorme, e colocar na frente do Peter, para ver se ele desapegava. Ao invés disso, tive um fone roubado pelo capitão.

—Boa escolha. — elogiou, e cantou junto com o George Michael. Que Deus esteja tampando os ouvidos do pobre homem lá no céu.

—Para de cantar, pelo amor de Deus, olha a cara da Brittainy. Você está a envergonhando. — o Tim pediu.

But today the way I play the game has got to change, oh yeah, now I'm gonna get myself happy. — aumentou o volume da voz, e tampei o rosto rindo.

—Meus ouvidos estão sangrando. Treinador, faça alguma coisa por nós! — o Victor implorou, e o treinador nos olhou rapidamente.

—Estou fazendo. Juntando as táticas para vocês vencerem. — ele respondeu, sem dar muita importância para a cantoria do capitão.

Quando passou para a próxima música, Careless Whisper, ele me puxou para dançar, e os outros jogadores riram das minhas tentativas falhas de fazê-lo dançar direito. Eu sabia o que ele estava fazendo. Dando uma distração aos outros, para que não começássemos o jogo com o nervosismo forte como quando nos dirigimos pra cá.

E funcionou. Abrimos o jogo com um placar expressivo, os nossos jogadores gostando do jogo, aproveitando todos os passes e marcando. O Zack fez um handoff, quando o quarterback passa a bola para o corredor, que caiu nas minhas mãos de alguma forma, e corri com tudo que pude para marcar o touchdown. Depois de já ter conquistado os seis pontos, fui empurrada por um dos meus ex colegas.

—Traidora. — resmungou. Ignorei, defender outro time não é traição, eu tinha noção disso. Ganhamos mais um pontinho com o ponto extra, e o capitão falou comigo enquanto voltávamos as nossas posições.

—Vamos tentar fazer a jogada 7.

—A sete? Não é meio arriscada?

—É, mas temos que tentar para ver se funciona. Você acha que consegue?

—Sim.

Nos posicionamos, e preparei para correr. O juiz apitou, e fui com toda a velocidade para a endzone, pronta para receber a bola. Ela pipocou na mão de cinco jogadores, enquanto eu assistia ela vir para mim. Mas quando consegui pega-la, ganhei um face mask forte, que me derrubou no chão. A mão do jogador ainda estava na grade do meu capacete, que foi arrancado no movimento, e não teve nem discussão para a expulsão dele. Sentei, meio tonta por ter batido a cabeça quando caí.

—Você está bem? — o capitão perguntou preocupado.

—Sim, preciso de um pouco de água.

Ganhei uma garrafa, e levantei com a ajuda dele.

—Foi uma falta desnecessária, eles estão nervosos, e acham que coisas como segurar a grade do capacete vão adiantar. Tome cuidado.

Combinamos a próxima jogada, eu estaria nela só para fingir. Fingiria que estava com a bola, e o Zack faria o ponto. Colocamos ela em ação, mas não funcionou muito bem... o Zack perdeu a bola, e a defesa não me recebeu com flores. Além de eu ter escorregado na neve fina que cobria o gramado, minha velocidade aumentou com o empurrão que ganhei da defensive line, e minha cabeça acertou o chão com força o suficiente para me fazer apagar na hora.

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora