Zack
Ficou um clima estranho depois da minha declaração. Esse é um ponto delicado nas nossas vidas, e terei que conversar com o treinador se eu não quiser enlouquecer. Foquei na perna dela ao invés de ocupar a mente com essas coisas. O corte foi meio fundo, e me preocupei que minhas habilidades não fossem o suficiente para ajudá-la com o machucado. Mas por sorte foram. Terminamos o filme e fomos logo respondendo às perguntas, cada um com sua opinião, e ela me encarou.
—Será que hoje você topa ver alguma coisa comigo? O Sebastian tem Netflix e me emprestou a conta.
—Uma série, pode ser? — perguntei, checando o relógio. Não era tão tarde. — Que nenhum de nós dois viu algum episódio.
E assim, acabamos vendo Outlander. Era uma série meio histórica, com algumas cenas que me fizeram esconder o rosto nos cabelos da Britt, de brincadeira. Mas em alguma parte do terceiro episódio, a beijei lentamente, apenas com os lábios. Eu gostava de ter isso com ela, era relaxante beija-la, e, apesar de saber que não podia, cada vez que acontecia eu conseguia me controlar menos.
—Brittainy! Che... — o Sebastian entrou em casa, e viu a cena — guei. — e então um sorriso presunçoso se formou nos lábios dele. — Olá Zack, tudo bem?
—Sim, tudo ótimo.
—Essa série é bem legal, parei nesse episódio aí. — ele sentou entre a gente — Vamos ver juntos.
—Você não vê séries históricas, Sebastian. — a Britt contrapôs
—Não? É mesmo. Vou começar agora.
Ele estava com ciúmes da irmã, eu também tinha ciúmes da Marianne, mesmo ela sendo mais velha que eu. E agora, estando do outro lado, entendo como é chato. Me arrependi amargamente de cada vez que bebi todo o leite da mamadeira só pra chorar e fazer minha mãe me dar atenção. Assim que o episódio acabou resolvi ir pra casa, já que não conseguiria mais nada ali.
—Eu te acompanho até lá, tenho que passar no banco mesmo. — o Sebastian se ofereceu, e ganhei a companhia do meu — meio — cunhado.
Tentei ir rápido, mas o que eu podia fazer? O cara era maior do que eu.
—Zack, eu acompanho sua evolução no esporte desde que eu jogava na escola. — confessou. O olhei com o canto do olho.
—O que você quer dizer com isso?
—Sei que você é um cara legal, apesar da marra causada por certas pessoas. Devo imaginar que ter a menininha da família na posse daquele cara, para te desestabilizar e fazer perder o campeonato, foi bem ruim.
—Minha reação diz o que achei. — quase matei o idiota. Não tenho nenhum orgulho disso, só que ele se vangloria até hoje de ter "capturado a essência" do meu jogo.
O fato é: a Gwen é meu ponto fraco. O Peter a prendeu no banheiro do vestiário em uma final, e ela ficou desesperada gritando por mim. O treinador parou o jogo ouvindo os gritos, eu fui ver o que era, e encontrei minha prima no maior número de lágrimas da história. Hormônios e o choque da situação me fizeram quebrar o nariz do Peter, e talvez outras partes, e fui expulso do jogo por Unnecessary Roughness e ainda levei a culpa de ter prendido a Gwen lá.
A punição? Alguns trabalhos comunitários, e a fama de "worst boy", porque bad é eufemismo nessa situação. O treinador me manteve nos trilhos e me livrou de uma punição mais grave. O Peter nunca pagou por nada.
—Ele já tentou seduzir a Brittainy para casa dele, pra fazer o que ele faz. Show psicológico e cama. Mas ela desconfiou e me mandou o que ele disse, falando que estava preocupada, porquê eles tinham brigado e ela revelado que ia sair do time, e aí essa mensagem chegou. Não contei na hora, mas contei no verão. Ela sabe dessas coisas, ele não sabe que ela sabe e continua tentando fazê-la voltar para o time.
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Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1
Teen FictionBrittainy está acostumada a ser a única. A única filha em casa, a única boa aluna, a única mulher no meio dos homens do futebol americano. Ao se mudar para Lincoln, Nebraska, é tirada da zona de conforto por seu mais novo capitão, Zack Derren, que t...