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Brittainy

Depois de chegar em casa, após muito tempo resolvendo as questões da agressão, é que expliquei para o meu irmão o que aconteceu. O Sebastian ficou louco. Quis saber o nome do "panacão" que me machucou, e já foi discando o número da polícia.

—Sebastian, para. O capitão já falou com ele, e eu já fiz tudo que podia.

—Brittainy, talvez você desconheça as leis, mas qualquer tipo de agressão é crime. Intencional ou não.

—Tá, eu sei disso, mas ele já foi denunciado. Bater nessa tecla de novo vai, provavelmente, irritar os policiais, e isso faz com que a polícia desconfie.

Ao deixar o campo do jogo, recebi uma mensagem do treinador me orientando sobre como proceder nessa situação. Fiz a denúncia na polícia e na escola, o que me tomou a tarde toda.

—A polícia já te fez algo, Brittainy? Você tem uma conduta tão boa quanto a de um monge budista.

—Mas o Peter não. Não lembra daquela festa que ele quebrou uma garrafa na cabeça de um garoto, que teve que ir ao hospital? E  todo mundo da festa teve que ir à delegacia.

—Eu tenho nojo desse Peter. Dinheiro não deveria afastar pessoas da prisão, esse cara é perigoso. Fica longe dele e desse aí que fez isso no seu rosto. Mais uma vez, um arranhãozinho sequer que aparecer em você, ligo pra polícia sem pensar duas vezes. Estou dando um voto de confiança nesse cara porquê você parece convencida de que ele não vai machucar nada e nem ninguém mais.

—Eu posso ligar, Sebs, relaxa. Mas obrigada.

—Agora vamos colocar um gelo nisso antes que a mamãe chegue e veja você roxa.

Ela chegou quando eu estava deitada com a bolsa fria no meu rosto.

—Ah, você se machucou, é? Como você fez isso? Caiu ou bateu o rosto? Ou foi no esporte? Se você nos obedecesse não se machucaria tanto, Brittainy Penelope. — resmungou.

—Ganhei um soco tentando apartar uma briga.

Ela não tinha nenhuma resposta esperta para a minha. Apenas ficou me olhando.

—Coloque sachês mornos de chá de camomila, vai diminuir o inchaço. Vou deixar uma pomada para ajudar nisso no seu quarto.

—Obrigada, mãe.

Ela não respondeu, subiu as escadas em silêncio. O papai chegou logo depois, com as mãos cheias de sacolas do supermercado.

—E aí campeão? Tá estudando? — perguntou pro Sebastian, que usava o computador na bancada da cozinha.

—Não, tô pesquisando como diminuir os estragos da Britt. O chá também ajuda, se você puder passar na região com um algodão, será bom. — sugeriu

—Onde você se machucou, Brittainy?

—No futebol.

—Você não usa capacete? Ou joga futebol com bolas de golfe agora?

—Ganhei um soco. Não foi intencional.

—Se cuida, não quero ninguém sentindo dor aqui.

Era sempre assim. Um dia eu era o lixo que eles esqueceram de colocar pra fora, e no outro a filha deles. Ruim é nunca saber qual dia sou o quê.

~~~

Ter o Sebastian em casa de novo foi um alívio. Durante toda a semana ganhei carona para a escola, o que me permitiu dormir mais preciosos vinte minutos. No sábado era aniversário do Will, e ele convidou o time para um churrasco. Entrei na casa dele com o presente na mão, e como eu não tinha dado nada para o Zack no dia dele, arranjei um negócio pra ele também.

Amor em Jardas - Série Endzone - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora