Eu decidi que seguiria minha vida como se aquela noite não tivesse acontecido. Como se eu não tivesse escutado tudo aquilo, como se o arrependimento não tivesse me atingido assim que coloquei os pés em meu apartamento. A culpa me consumiu durante dias, e sentir que eu tinha traído Gaara fez com que eu o evitasse.
Estava parada de frente para a porta da sala de conferência que serviria de boas vindas para os novos residentes e dali começaria meu primeiro dia, tentando mais uma vez ocupar minha mente. Depois da pequena cerimônia seguimos para o departamento de emergência, Temari tinha solicitado ser a médica responsável pela supervisão do meu primeiro dia.
As primeiras horas foram tranquilas e Temari tentava me mostrar o máximo possível da rotina no departamento entre um paciente e outro. E assim minha nova rotina era extremamente viciante, eu passava doze horas do meu dia em plantões correndo entre pacientes de casos simples como dor muscular, até os mais sérios que precisavam ser reanimados. Eu me sentia realizada, e usava a medicina para tapar a ferida que de vez em quando insistia em doer. O gosto amargo de ter a vida perfeita, mas ainda assim não sentir que aquilo era o bastante.
Eu estava dedicando meu tempo total ao trabalho, e quando estava livre passava algumas horas estudando alguns casos. Em um mês eu já estava completamente adaptada ao hospital, às enfermeiras e aos outros médicos. Gaara vez ou outra aparecia em meu apartamento nos meus dias de folga, mas aquilo com toda certeza abalou nosso relacionamento. No fundo eu sabia que estava usando a situação para o afastar, desde que Chiyo comentou sobre casamento e meu encontro com Sasuke eu simplesmente não conseguia encarar Gaara com os mesmos olhos.
O dia estava chuvoso, e como resposta aquilo meu humor sempre era melancólico. Eu tinha tirado alguns minutos para tomar um café no meio do meu turno e senti meu pager vibrar, eu estava sendo chamada na entrada particular do departamento de emergência, aquela entrada era usada apenas para pessoas com mais influência e dinheiro, como políticos, famosos e empresários. Corri em direção a ala e assim que adentrei o local presenciei a típica correria que se fazia quando o esforço para salvar uma vida era muito maior do que o normal. Acompanhei Temari que já colocava as luvas antes de entrar na pequena sala.
- Sakura. - Me chamou assim que escorreguei minha mão em uma das luvas. - Fugaku Uchiha deu entrada com parada cardíaca. - Senti meus ouvidos zumbirem com aquela frase, e a encarei. - Não sabemos a causa, mas ele está em reanimação por alguns minutos então eu preciso que você...
Não pude ouvir o que minha chefe falava, meu corpo inteiro tremia e os poucos passos que nos separavam da sala em que Fugaku estava pareceram uma longa caminhada. O som do desfibrilador e a voz das poucas pessoas que estavam ao redor me fizeram parar. O corpo de Fugaku deitado naquela maca, com a máscara de oxigênio em seu rosto, e a força com que a reanimação era feita para trazê-lo de volta, eu não acreditava no que estava presenciando. Temari me chamou algumas vezes, mas a minha boca estava dormente e minha vista escureceu.
Quando recobrei a consciência eu estava deitada em uma maca em uma das salas daquela ala, com um soro preso a minha mão direita e a enfermeira Tayuya estava aos pés da maca. Tentei me levantar, mas a minha cabeça parecia pesar muito mais do que o normal. Não entendi o que a enfermeira murmurou, mas ela saiu do quarto e quando voltou Temari a acompanhava.
- Sakura. - Temari me chamou, e finalmente tive forças para sentar na beira da maca. - O que aconteceu? - Perguntou se aproximando. - Você desmaiou no meio de uma reanimação, está tudo bem? - Insistiu tocando meu ombro me impedindo de deixar a maca.
- Eu estou bem. - Respondi, lhe encarando. - Eu preciso ver o Fugaku. - Não precisou de muito esforço para me levantar completamente.
- O senhor Uchiha não resistiu à parada cardíaca. - Temari respondeu, com um tom mais sério. - Ele teve um aneurisma.
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Faithfully
FanfictionOs opostos se atraem, mas os dispostos se completam. Estariam então dispostos a assumir seus sentimentos um pelo outro? " -O senhor quer saber o que eu acho?!..... -Não, não quero saber. Não faz diferença o que você tem a dizer. ...