Carma instantâneo

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Fiquei aqui a tarde inteira, e fui obrigada a observar o que estava acontecendo ao meu redor. Embora boa parte das lembranças de antes do acidente (eu chamo de acidente, eu tenho consciência que foi um ataque, mas não o culpo, ele não tinha consciência do que tava fazendo e isso basta pra mim. Me julgue)é um borrão, as lembranças que vão voltando, vem como um slide de gif sem nexo. É horrível se sentir aprisionada dentro de si mesmo, não posso gritar, protestar nem mesmo piscar os olhos sozinha, por isso que vem um enfermeiro colocar colírio nos meus olhos  em intervalo de tempo regular. Mas é um angulo totalmente novo. Eu estou consciente, eu estou vendo e ouvindo e compreendendo tudo. Mas as pessoas ao meu redor não é isso me colocou em vantagem. Ok, vantagem de uma desmemoriada é minima, mas... vantagem é vantagem devemos aproveitar certo ? O que podemos ver aqui de dentro dessa estatua que eu estou presa:

Hmmm já devo ter mencionado que o babaca made in china como falou o Heitor grudou no enfermeiro do colírio... irônico ne, um colírio vida do no pé do cara do colírio por que simetria na vida é tudo lo. Depois da oitava vez que vingaram colírio em mim as meninas vieram juntas correndo, descabeladas de pijaminhas ridículos. A Giselle estava do mesmo jeito que eu a tinha deixado la no quarto, eu tava furiosa com o Heitor, e acabou sobrando pra ela também... quando as meninas chegaram com aquele espalhafato todo, o ching ling saiu de campo. Saiu mesmo, capotou na fumaça. Ouvi atentamente elas comentando sobre o que aconteceu de ontem pra hoje, elas estavam à par que eu tinha dormido com ele, e até coisas que eu não sabia, tipo, a Giselle falou pra Cam enquanto penetrava o meu cabelo com uma escovinha pequena, que eu tinha abraçado ele dormindo, e depois dei um tapa com toda força no rosto dele ... eu queria rir, mas eu tava rindo muito por dentro.
Depois o Heitor entra como um trem, atropelando as meninas no caminho, senta na beirada da cama e abraça os meus pés e pede pra todas sair. Elas ficam com os olhos enormes e assustados, não dizem nada é saem. Quando fecham a cortina da enfermaria, ele curva a cabeça nos meus pés e chora, um choro alto , com soluço e tudo mais. O enfermeiro pede licença e entra, Heitor nem olha na direção do enfermeiro e diz que o enfermeiro pode ir, que ele mesmo dá conta disso, o enfermeiro entrega o colírio e fala baixinho no ombro de Heitor como deve usar o tempo certinho. Heitor segue as instruções direitinho, e desde esse momento, ficamos só eu e ele, ele chorava, colocava colírio em mim, trocou soro  e chorava, e me abraçava e se Desculpa a por me abraçar, depois repetia tudo de novo como um disco arranhado. Nunca irei me esquecer disso. A diretora da escola invadiu o espaço onde se estava e chama ele com a voz ríspida e começa a discutir com ele na abertura da cortina, e gesticula e ele abaixa a cabeça , chama o enfermeiro e vai em bora. Não sei como, não entendo o porquê. Mas quando ele saiu eu tentei gritar pra que ele não me deixasse, eu chorei, eu gritei, eu pulei. Mas nenhum músculo do meu corpo se moveu. Só duas lagrimas escaparam do meus olhos e escorreu pelo meu queixo. Ele voltou quando estava na metade do caminho, e viu aquelas duas gotinhas caindo do meu queixo. Na mesma hora ele voltou correndo bem rápido e me abraça.

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