Não É Um Romance

Civilidade

-Por que você está com essa cara agora ?
-Minha mãe...
-Ela está aqui no Japão.
-Você sabia ?
-Claro, ela escolheu os sapatos.
-E você não fala nada? Você deveria...
-Ei, ela me pediu pra não contar, até porque ela vai para o coquetel hoje, então vocês poderão conversar, eu até gostei dela... vocês se parecem muito.
-Bom, então não tenho novidades pra você.
-Mas ainda está chateada...
-Elementar meu caro Watson...
-Ela não vai nem ficar para o jantar, resolvam-se logo e ainda vai ter o jantar, a premiação, homenagens essas coisas todas, vamos, será divertido, melhore esse humor, ou terei que fazer algo à respeito.
-Hmmm que tipo de coisa?
-Vem aqui dentro que te mostro.

Chegamos muito atrasados, aparentemente do outro lado do mundo isso é algo realmente importante, mas se querem saber mesmo, valeu muito a pena e se me perguntarem de novo, provavelmente ainda estaria naquele quarto com ele, céus, eu estou fora de controle! A parte boa, é que super funcionou, eu tinha esquecido completamente que mãe estaria lá, e que teríamos uma conversa longa e chata, ou curta e estranha. Estava lá com um sorriso besta no rosto, que não sairia dali, nem se tentassem muito.
Quando chegamos, nossos lugares estavam marcados, segundos antes de sentar, minha mãe aparece bem atrás tocando no meu ombro, dentro de um vestido amarelo mijo com pérolas na barra, até a metade da perna e me chama para conversar em um lugar mais afastado.
Sinceramente, achei escutaria uma hora de sermão, mas não foi o que aconteceu.
Estranhamente, ela apenas me abraçou, disse que estava feliz por mim, disse também que eu tinha escolhido bem,e mandou eu não sumir de vista, confesso que fiquei até bem chocada. Mãe louca e ausente era o padrão, amorosa e compreensiva é novidade. Mas enfim, eu falei que nada poderia estragar essa noite e não vai.