Mortos E feridos

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-Hanna, não conversamos ainda sobre o jantar...
-Não, por onde quer começar? Minha mãe chegando lá pra falar sobre você, sua mãe convidando a minha para os rituais de fim/começo de ano, ou seu pai anunciando o nosso suposto noivado na frente de uma porção de gente influente que eu nunca ouvi falar e minha mãe rindo descontroladamente da situação?
-Você está com raiva, mas a resposta para tudo é a mesma. Foi uma fatalidade, um acidente...
-Querido, suposto noivo, não é como quebrar o salto do sapato, ou a maquiagem, estamos falando de vidas de pessoas complicadas se misturando.
-Eu sei
-E tem mais, eu não sei porque eu deixei esse suposto noivado seguir tão longe, mas não passa do dia 3. Não quero ser abordada pela sua mãe preparando festa, ou Deus me livre, sapatinhos de bebê.
-Se não estivéssemos falando da minha mãe, eu diria que é exagero, mas como se trata dela, você tem razão...
-Você só pode está de brincadeira...
-Eu entendo, Hanna, devido a tudo isso, se você quiser fazer as malas e ir embora sozinha ou com sua mãe agora mesmo, eu vou entender, se desistir da viagem e todo o resto eu vou entender, se quiser partir mais cedo, ou logo após as festividades, até porque, lembra que eu te expliquei? Não é como no resto do mundo, não tem fogos de artifício, e litros de Chandon. Aqui são vários programas meio família, visita de templo, sino batendo 108 vezes, visita ao Palácio, cerimônia de chá...
-Se repetir isso novamente, eu te mato.
-Que parte?
-Toda, eu entendo que aqui é um poço de tradições em amplo aspecto, eu entendo que para sua família o que temos é algo mais, eu até entendo chamar a mim para fazer parte dos rituais todos, mas a minha família também, é um pouco demais, falar com minha mãe pelas minhas costas, sabe lá Deus o que, não foi legal também, ou foi, isso ainda está em debate. Mas a questão maior é que esses sapatos doem, e isso piora o meu humor drasticamente.
-Agora eu estou um pouco perdido...
-Por mim tudo bem se seus pais querem me casar na adolescência, outros costumes, certo, eu só não entendo porque a minha mãe não teve nenhuma reação.
-Simples, porque conversamos... ela entendeu melhor que você algumas coisas... embora eu acho que ela não tenha gostando muito de mim...
-Não, ela gosta de você.
-Sério?
-Pode acreditar.
-Ela me fez acreditar que não...
-Mal de família...
-Ei, isso foi, o que eu pensei ter ouvido? Você gosta de mim e acabou de falar isso?
-Não vou repetir...
-Não hoje, talvez amanhã, mas eu sei que vai...
-Quem te deixou tão convencido?
-la vie, mas você estava falando de outra coisa, tenho certeza...
-Minha mãe.
-Não vou repetir o que conversamos, não quero me meter entre vocês duas, mas como sabemos que você vai tirar de mim qualquer coisa, de qualquer modo, então, só e apenas, para terminar o assunto eu falo que ela só queria me conhecer, ela não fez perguntas indiscretas como a minha mãe fez à você, mas o intuito de ambas foi igual.
-Não foi tão difícil, foi ?
-Hanna, eu já falei pra você o quão ansioso estou pra tirar esse vestido de você? Com os dentes!
-Assim que chegar no hotel. E eu quero uma massagem nos pés, esses sapatos estão me matando...
-Tudo que você quiser.
- A propósito, Naoki Irie não é um nome difícil, é até mais legal que Juliano, você devia usar mais ele... E tem outra coisa também... então, por que não passamos o restante das férias aqui ? Tem um monte de lugares que não fomos ainda...
-E seu aniversário?
-O que tem ele ?
-Pensei que fosse querer passar com as suas amigas...
- Farei isso ano que vem, esse, ano eu estou no Japão com meu pseudo noivo.
-Tudo que você quiser Hanna.

Não É Um RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora