Não É Um Romance

Hoje Não Meu Bem

Enviar
Para: japonês do cup noodle
Tem o que em mente ?

*Mensagem recebida*
De: japonês do cup noodle
Tava pensando em te levar pra almoçar num restaurante holandês aqui perto. O que acha ?

Enviar
Para: japonês do cup noodle
Que tédio.

*Mensagem recebida*
De: japonês do cup noodle
Eu queria conversar, comendo algo legal, você já comeu comida holandesa ? A propósito o chá tira ressaca deu certo pra você ?

Enviar
Para: japonês do cup noodle
Só vou com uma condição, depois do almoço você vamos fazer o que eu escolher.

*Mensagem recebida*
De: japonês do cup noodle
Feito. To te esperando no gramado aqui da frente.
xoxo

Enviar
Para: japonês do cup noodle
Vou me arrumar agora, recomendo sentar.

Abri o armário, eu tinha poucas roupas comum, a maioria era uniforme, eu tinha trazido 3 vestidos pra ocasiões especiais só por precaução, o preto que eu usei na festa da Giselle, um curtinho franzido na cintura lilás coberto por renda preta de alsinhas finas e um decote bem aberto, e um azul céu  de tecido beeem leve com alças de corrente  tinha as costas toda aberta e um botão de perola falsa, ele era todo folgadinho e ajustava sutilmente no quadril .

Fui com o azul, e coloquei uma sandália preta com correntes douradas no peito do pé salto 15 que tava quase criando teia. Fiz uma maquiagem bem preta e pesada nos olhos pra ressaltar o cinza claro deles.

Pegamos um taxi e completamente mudos até o restaurante.

Nos sentamos, fizemos nossos pedidos, e ele fixou os olhos nas bolhas da taça. Cheguei a pensar que estava tediosa demais

- Estou adiando uma conversa com você.

- Então não adie mais.

- Sei... eu tenho reunido coragem... sem muito êxito. E ele transfere o olhar das bolhas da taça para a minha retina numa lentidão dramática.  -Mas eu  tenho que te falar hoje. Se depois disso você  escolher me odiar eu juro que desapareço. Mas imploro que não o faça.

- Eu deveria ficar com medo certo ?

- Me perdoe, eu imploro me perdoe.

- Devo perdoar você de que precisamente?

- Eu... Eu... Eu fui ver você. Todos os dias no hospital. Quando você ficou em coma eu tbm fui, eu falei algumas coisas importantes... que eu queria ter coragem de falar pra você agora. Eu fui uma pessoa horrível, eu...

-  Eu sei, eu estava lá. Eu vi, eu ouvi, eu senti tudo. É formidável as coisas que a gente descobre quando as pessoas acham que você é um nabo na cama.

- Porque você nunca falou? Então foi por isso que você perguntou da...

- É foi sim,foi por isso que perguntei da tulipa, e confesso que tudo isso ainda me confunde. Eu estava aguardando você querer falar sobre o assunto pra me esclarecer o porque de ter deixado o Heitor te bater daquele jeito, do porque você foi todo frio comigo quando eu caí um lance de escada, e porquê você se você nem gosta de mim só fez uma aposta com os medianos que iria fazer eu te colocar na sala especial ainda sim me levou uma tulipa do nada.

-Você não faz idéia de como eu to envergonhado disso tudo.

-Seria mais fácil se você explicasse o motivo das suas atitudes...

- Eu aprendi a gostar de você, eu aprendi a gostar do modo que você entende as coisas, do cheiro de lavanda que seu cabelo exala quando você prende ele no alto da cabeça quando fica impaciente. Aprendi a gostar da sua mania de querer encontrar a raíz da verdade de tudo. Mas não foi sempre assim. Eu odiei você antes de te conhecer, eu odiei muito.

-Porquê você me odiava criatura ?

- Você para de ler a lista quando chega no seu nome ?!

- É...

- Eu entrei em terceiro lugar no Colégio, mesmo tendo feito mais pontos na prova que você. Você ganhou pontos extras por está na turma avançada de balé. E foi assim que você foi pra segundo lugar. Só n tirou o primeiro porque o teu colega de quarto era atleta em duas modalidades e ele acertou ainda menos que nos dois juntos.

- O que ? Sério que você me odiava por orgulho ferido de gênio asiático. Ri com a minha resposta, e de como ele tava transformando uma picuinha tão minúscula em algo tão grande...

- Exatamente.

-Terceiro lugar né... mas não importa muito, daqui há duas semanas teremos aquela prova lá que a diretora fala tanto. Isso vai esclarecer melhor isso pro seu ego...

- Você está brava comigo, Você quer gritar comigo e jogar o macarrão que eu pedi na minha cabeça, Fique à vontade, eu mereço o que vier, eu te dou toda liberdade pra me machucar.

Não o respondi, eu quero processar o que acabamos de conversar. Minha perna esquerda quer sair correndo e a minha perna direita quer ficar e chutar ele. Meu braço esquerdo quer fazer cafuné naquele cabelo macio, meu braço direito quer jogar o macarrão que ele pediu na cabeça dele. E os meus olhos estão presos na profundidade dos olhos dele. Todo o meu corpo está respondendo, eu não sei o que fazer.

A comida chegou me obrigando a parar de olha-lo. Comemos em silêncio. Vez ou outra nos fitávamos sem dizer nem uma palavra.

Saímos do restaurante era quase 8 horas da noite, muito cedo pra ir numa boate dançar até a sandália esfolar meu pé até os ossos. E tarde demais pra ficar andando de salto alto na calçada sem parecer uma prostituta, então o arrastei pra um pub próximo dali.

Meu plano era já chegar bêbada na boate e só sair de lá quando ficar exausta de dançar. Sem precisar falar com ninguém, sem precisar me preocupar com nada nem com ninguém.