Me ame ou eu te mato

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O quarto estava escuro, o Juliano dormia numa poltrona fofa, enroscado em um cobertor vermelho de pelúcia, parecia um gato, só faltava as orelhinhas.
Eu estava muito grogue dos remédios todos, não entendia uma só palavra em japonês, então definitivamente não faço ideia do que eu estava tomando, seja lá o que for eu não tenho sentido nada, poderiam arrancar todos os meus dentes de uma só vez que eu não sentiria absolutamente nada, e de certa forma isso bastava.
Mesmo sonolenta e com a visão um tanto quanto embaçada, não pude deixar de percerceber a silhueta de uma menina baixinha, coisa de um pouco mais de um metro e meio, com roupa de enfermeira, que estava andando em círculos ao redor do Juliano segurando de forma muito estranha uma seringa com um líquido branco leitoso dentro, como se fosse o apunhalar à qualquer momento. Depois de dar aproximadamente umas 8 voltas em círculos, ela para bem na frente dele, afasta parte da franja da frente dos olhos dele, e ergue a seringa, nesse momento eu não aguentei segurar. E eu gritei, gritei alto, gritei muito alto, e antes que ele pudesse reagir ela segue em direção a mim, o Juliano a intercepta, mas ela ainda sim conseguiu espetar a seringa no meu pé, segundos depois o hospital todo estava em alerta, o Juliano a segurava pelos braços, e ela se debatia como uma louca na sua camisa de força e gritando alguma coisa em japonês, foi tudo tão rápido, inclusive o efeito do remédio, provavelmente o conteúdo da seringa era um sonífero, porque eu desliguei muito rápido e acordei apenas 3 dias depois.
O Juliano tentou me explica que eu tive muita sorte que não deu tempo dela injetar todo o conteúdo, ou provavelmente eu estaria na terra dos que já foram. Não importa, não importa que ela tenha sido presa, não me importa mais se ela está num manicômio judiciário, não me importa se tem um buraco na minha perna, eu quero voltar pro Brasil com as minhas amigas, com o meu namorado/pseudonoivo eu quero ficar um mês no chalé que o Juliano alugou perto da escola, eu quero ficar o resto das ferias curtindo meu namorado num chalé com piscina, sem psicopatas me perseguindo, sem minhas amigas ficando carecas, sem colega de quarto que bate nas pessoas por minha causa, sem sogra maluca, sem sogro apressado pra me por na família. Cara essas férias foram uma loucura. É paz que eu preciso agora, é nadar pelada todos os dias da semana na piscina, é do cup noodle o café feito pelo meu namorado. Só isso, mas nada.

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