Socorra meus gritos, e também o meu silêncio

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Era o fim da tarde de uma quinta-feira, é verão, mas o tempo está completamente cinzento e chuvoso, o Naoki chamou um táxi, pra ir comprar algumas coisas, veio me ver aqui no terraço dos fundos, me deu uma manta e disse que voltaria logo.

Assim que o táxi saiu, me levantei da espreguiçadeira e fiz um café, coloquei numa caneca de cerâmica que compramos em Tóquio, voltei pro terraço e fiquei lá até pouco depois do céu escurecer completamente.

Deixei meu copo na mesinha do lado e me levantei pra acender as luzes e talvez catar alguma coisa na geladeira, é muito café puro num estomago vazio. Pego meu celular no andar de cima e coloco pra carregar no balcão da ilha da cozinha.

Dei três passos à frente e vejo um vulto passando para a direita através da porta de vidro, o vulto usava um moletom com capuz preto.
Talvez fosse fosse um delírio paranóico devido à tudo que aconteceu no Japão, e essa é a primeira vez que o Naoki me deixa sozinha desde então... mas essa ilusão se esvai quando escuto a caneca se partindo no chão de madeira. Nesse ponto eu estou em pânico, dou 3 passo pra trás,pego o celular na bancada, e retorno a ligação do último número da lista de chamada e só falo "ela está aqui, ela veio me matar, eu estou presa na cozinha". Escuto o vulto passando pro outro lado, dessa vez, o vulto tropeçou num caco, pegou no vidro pra se equilibrar, e deixou uma marca oleosa no vidro, meu corpo estava totalmente congelado, eu não sentia mais cheiro de nada, já não ouvia o barulho dela, eu estou ficando um pouco zonza, nem notei o cheiro forte de gás no ambiente, quando o percebi estava quase sucumbindo, antes de mover qualquer músculo, escuto a porta de vidro da frente se estilhaçando, e aquele cara de jaqueta verde lodo, com uma camisa roxa de botão, correndo na minha direção, pra tentar, nem vão, me interceptar antes que eu caia no chão. Só uma pessoa no mundo fica bem com essa combinação de cores. HEITOR

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