Não É Um Romance

Façam suas malas meus queridos, estamos indo para o Japão

O Juliano ta brincando com o meu iPod na cama como se fosse um gato e sua bola de lã enquanto eu arrumo  uma pequena mala.
Se alguém me perguntasse o que eu sinto por ele eu não saberia dizer de verdade, creio que nessa língua não há palavras para descrever, agradeço aos deuses por ele nunca perguntar, caso contrario estaria encrencada.
Como os inspetores estão de férias, ele tem dormido aqui comigo à noite, e ficamos no quarto dele durante o dia, nesse tempo ele me ensinou tudo que eu fosse precisar pra me comportar adequadamente no Japão, é surpreendentemente fácil, não estranhei nada em especial e isso me deixou bem confortável e tranquila mesmo.
Ficar esse tempo com ele tem sido muito bom mesmo. Quando eu estou com ele é como se eu tivesse total e absoluto controle de cada segundo, como se o tempo passasse em um compasso totalmente novo, como se toda vez que ele me tocasse cada segundo demora 9 segundos pra passar, e temos nos divertido tanto brincando de "japonesa ideal", fazendo itinerário de viagens, as nossas leituras, as músicas, os balanços...  se no Japão for a metade disso eu já estarei feliz.
Definitivamente não estou apaixonada por ele, só... aprecio muito a sua presença, eu gosto quando estou perto dele, eu gosto quando eu falo uma bobagem e ele sorri mostrando todos os dentes e inclina a cabeça pra traz e mostra a linha inferior da mandíbula, eu gosto da voz dele, eu gosto daquele maldito casaco cor de burro quando foge de capuz que ele usa sempre que o tempo esfria, eu gosto do som do sapato dele no meu assoalho, gosto de como ele seca o cabelo com a toalha, eu gosto das costas dele, eu gosto do toque das mãos dele no meu ombro quando ele me explica como é o beijo do outro lado do mundo, eu gosto de como ele me olha hipnotizado quando eu saio do banheiro vestindo só aquele casaco dele cor de burro quando foge, eu gosto de como ele se concentra quando faz qualquer coisa é como se o universo parasse pra assistir o Juliano fazer as coisas, eu gosto de sentar no telhado com o Juliano enquanto ele resmunga que podemos cair de lá e morrer, eu gosto de como ele dorme na cama sem nunca puxar o edredom pra ele, mesmo estando frio e eu esteja com a maior parte, eu gosto do fato dele nunca me tocar sem permissão, gosto quando ele espera que eu o toque, gosto quando ele me espera pedir pra comer, eu gosto de quando ele não come absolutamente nada até eu falar que estou com fome, eu gosto dele nunca protestar quando eu quero falar bobagem a madrugada inteira como se ele fosse meu melhor amigo, eu gosto do cheiro que ele tem quando não usa perfumes, eu gosto do cheiro do perfume dele, eu gosto de dividir o mesmo travesseiro com ele, mesmo ele podendo pegar outro, ele nunca levantou pra buscar outro, sempre dividimos o meu, eu gosto quando acordo e ele está vestido sentado na cama segurando uma caneca sempre fumegante pra mim, gosto quando ele esfrega minhas costas no chuveiro, gosto quando ele dá um beijo no meu ombro e no meu pescoço depois de esfregar as minhas costas no chuveiro, eu gosto quando ele pega o meu computador e resolve todos os problemas em 2 segundos, eu gosto do olhar sério dele, eu gosto da cara de raiva dele, eu gosto de acordar e saber que ele ainda está ali, eu gosto de quando ele cozinha pra mim, eu gosto de quando eu quero uma coisa ele simplesmente advinha, adoro a maneira que ele lê meus pensamentos, adoro como ele faz tudo que eu quero com e quando eu quero, adoro a cara dele se fingindo de chateado depois de perder no xadrez, adoro quando ele põe o ipod na caixa de som e me puxa pra dançar no meio do quarto, adoro ver como ele se diverte com algumas bugigangas como se fosse um gato, eu gosto... eu gosto... Eu acho que gosto dele, no fim das contas.