CAPÍTULO 18.

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Richard Narrando

Estava dormindo quando Duda me liga chorando, ela estava desesperada e precisava de alguém. Fui de imediato para sua casa, violei quase todas leis de trânsito, só queria estar ao lado dela e dar o suporte que ela precisar.
Chegando na casa dela ficamos deitados e ela no meu colo chorando, molhando minha camiseta com suas doces lágrimas.

- Ele vai morrer - ela dizia soluçando

Eu tentava acalmá-la mas a verdade é que nem eu estava calmo. Eu era inútil naquele momento, não podia impedir o pai dela de morrer, não podia fazer nada.

Ela ficou chorando a noite inteira até pegar no sono. Coloco ela em uma posição confortável em meu colo e fiquei deitado ali com ela, não conseguia dormir, só olhando os traços de seu rosto e vendo como ela parecia cansada, mesmo estando adormecida.

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Era umas 6 horas quando ouço um barulho vindo da cozinha, tiro delicadamente Duda de meu braço e a deito na cama. Fui investigar o tal barulho, e vi Sofia em frente a geladeira, com o pacote de leite no chão.

- O que aconteceu aqui? - pergunto.

- Eu ia pegar o leite tio - ela abaixa a cabeça - Mas ele estava pesado.

- Não tem problema, eu vou limpar, volta a dormir.

- Eu tenho que ir pra escolinha.

- Verdade, vai tomar banho.

Ela me obedece e enquanto isso, pego um pano e limpo a bagunça que minha filha havia feito na cozinha.

- Pronto - ela fica parada na minha frente, segurando sua mochila pink e seu uniforme azul e branco.

- Está linda!

- Titio, hoje tem reunião de pais, a mamãe não vai acordar? - ela observa a porta do quarto.

- Eu vou ver com ela, come uma maçã e fica sentada no sofá.

Entro no quarto e Duda estava dormindo tão docemente, não posso acordá-la, ela não dormiu quase nada, chorou a noite inteira. Peguei um papel e escrevi:

Duda, eu vou levar a Sofia para escola e hoje tem reunião de pais, quando você acordar coma alguma coisa, ok?
Eu não vou demorar.
Ass:Richard

Peguei a mão de Sofia, que com a outra comia a maçã e fui em direção ao meu carro. Coloco ela no banco de trás.

Chegando na escola vejo uma multidão de alunos e pais entrando e saindo.

- Você vai ser meu papai hoje? - Sofia pergunta apertando minha mão.

- Vou sim, princesa.

Uma garota acena para Sofia, que sai correndo e me deixa lá plantado, sem saber o que fazer. Sigo Sofia e entro com ela na escola.

- Eu tenho que ir pra sala, papai, você tem que ir na sala da diretora - ela me dá um beijo na bochecha e sai correndo.

Paro na frente de uma porta que dizia Diretoria. Bato na porta e aguardo.

- Bom dia, você é? - uma mulher simpática abre a porta pra mim, me dando espaço para entrar.

- Richard, pai da Sofia do 1A

- Entre, é um prazer conhecer o senhor, nunca vi o pai dela.

- Lamento por isso, não estava com tempo.

- Sofia é uma garota espetacular - ela senta em sua mesa e eu me sento na cadeira a frente - Muito esperta e bonita, seu desempenho é muito bom. Mas ela não é boa nos esportes.

Assenti.

- Convoquei os pais de Sofia, porque queria fazer uma proposta para melhorar seu desempenho nos esportes.

- Como? - pergunto

- A escola todo ano realiza um acampamento, onde as crianças vão para um lugar ao ar livre, e lá profissionais cuidarão de Sofia em primeira opção, ajudando em esportes e interação social. As crianças serão supervisionadas por mais de 7 professores, e haverá 3 seguranças no local, lhe garanto que é seguro. Haverá kits de primeiro socorros, e uma enfermeira caso alguém se machuque, vai ter brinquedos, aposto que ela iria adorar e se adaptar super bem. O senhor gostaria de aprovar essa viagem?

- Eu tenho que conversar com a mãe dela primeiro, mas gostei bastante da proposta. Quando vai ser?

- Daqui 3 dias, você tem até amanhã para aprovar a ida de Sofia.

- Sem problemas.

- Obrigada pela atenção. - ela diz, se levantando e abrindo a porta.

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Duda estava com uma cara de cansada, uma xícara na mão que eu suspeito ser café e seu cabelo bagunçado.

- Oi, cheguei - disse abrindo a porta.

- Oi

- Você comeu?

- Sim - ela olha seu prato com farelos de pão

Me aproximo dela mas ela recua.

- O que está acontecendo, Maria?

- Nada - ela desvia o olhar

Sinto meu celular vibrar

- Alô

- Senhor Jacobs?

- Af, que?

- Qual o motivo de não estar no trabalho?

- Puta merda, me esqueci totalmente, chego aí em 20 minutos.

Saio da frente de Duda e me arrumo, pego meu carro e vou correndo para empresa.

Tentei com todas as forças entregar um bom trabalho e quando é 19:50 eu vou embora.

- Duda?

- No quarto - ela grita

Caminho pelo corredor até chegar em frente a porta e ver que ela está abraçada com o travesseiro.

- Preciso te falar uma coisa. - digo

- Fala - ela se ajeita na cama.

- A diretora disse para mim que seria muito bom se Sofia fizesse um acampamento, para que ela desenvolva habilidades esportivas. Ela disse que Sofia é péssima em esportes e que seria melhor para ela ir.

- Tá

- Tá o que? — tento analisá-la com o olhar.

- Sim, ela pode ir

- Ok, jantou?

- Sim.

- Vamos descansar, então. - puxo ela para meus braços e ali adormecemos.

Cinco Anos AtrásOnde histórias criam vida. Descubra agora