MARIA NARRANDO
alguns anos atrás...
E ali eu me encontrava, com minha filha de apenas um ano no colo na frente do caixão de minha mãe. Quem me ajudou nesse tempo todo com a Sofia foi ela, como eu vou conseguir ser uma boa mãe sem ninguém para me auxiliar?
A morte ocorreu ontem, ela foi para o hospital, pois estava passando muito mal, porém infelizmente os médicos não conseguiram a estabilizar. Meu pai tem um olhar morto, não tem nenhuma reação e tudo o que ele fala é que ele está bem e que vai dar tudo certo. Eu gostaria de acreditar em suas palavras mas conheço meu pai e o que ele falou não passa de palavras falsas para ele mesmo se sentir melhor com tudo isso.
- Maria? - ouço ser chamada pelo padre. - Gostaria de dar algumas palavras aqui na frente?
- Sim, por favor. - entrego Sofia para meu pai e vou para frente de todos que vieram ao funeral de minha mãe.
- Bem, todos os que estão aqui presentes sabem o quanto minha mãe era doce e gentil, sempre querendo ajudar os outros. Ela me ajudou em todos os obstáculos da vida e eu nem sei o que seria de mim e minha filha se não fosse ela. - suspiro. - Ela era uma mulher muito especial e também muito teimosa. - ouço risadas tristonhas. - Sabe, eu daria tudo para ter mais um momento com ela, para aproveitar aquilo que não tínhamos a muito tempo. Mas infelizmente não tenho mais essa oportunidade. Mas fico feliz que ela esteja em um lugar melhor agora e sei que ela estará comigo para sempre. Até mesmo aqui, agora, me ajudando a não desmoronar na frente dessa platéia toda. - dou um sorriso. - Ela estará conosco, bem aqui no nosso coração.
Deixo uma orquídea no túmulo de minha mãe, que já estava fechado. Olho para meu pai e vou em sua direção. Ele me acolhe em seus braços e diz:
- Estou orgulhoso de você, minha filha. - sinto um beijo pousar no topo de minha cabeça.
[========]
Depois do funeral, fomos para uma praia bem perto de lá. Ficamos deitados de noite observando as estrelas e eu imaginava que uma em especial era minha mãe. Olho para Sofia, que comia a areia da praia.
- Sofia, isso não é comida. - a repreendo, limpando sua boca e sua mão.
Meu pai da uma risada e me abraça junto com Sofia.
- É melhor entrarmos, está ficando frio para Sofia.
- Tudo bem. - pego Sofia no colo.
Seguimos o caminho curto até o hotel onde ficamos. Quando chegamos eu dei um banho em Sofia e tomei banho também. Fiz minha filha dormir e coloquei ela na cama, com alguns travesseiros para ela não girar e acabar caindo no chão. Fui para a sala e sentei no sofá ao lado de meu pai.
Nem percebo quando as lágrimas começam a escorrer por meu rosto. Eu estava chorando e não conseguia mais parar. Meu pai me abraçou e passou a mão por meus cabelos curtos.
- Dói tanto papai, dói demais saber que ela não vai voltar. - digo soluçando.
- Eu sei minha menina, eu sei. - ele me aperta mais ainda em seus braços.
Eu sabia que meu pai estava péssimo, mas ele tentava ser forte por mim e Sofia. E eu o admirava muito por isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cinco Anos Atrás
RomanceO Colegial sempre foi baseado em experiências, festas e claro, o primeiro amor. Com Maria e Richard não foi diferente. Um amor que você só sente uma ou duas vezes na vida, se tiver sorte. Mas o quê fazer quando se está com medo, com 15 anos e grávid...