CAPÍTULO 8.

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MARIA NARRANDO

alguns anos atrás...

E ali eu me encontrava, com minha filha de apenas um ano no colo na frente do caixão de minha mãe. Quem me ajudou nesse tempo todo com a Sofia foi ela, como eu vou conseguir ser uma boa mãe sem ninguém para me auxiliar?

A morte ocorreu ontem, ela foi para o hospital, pois estava passando muito mal, porém infelizmente os médicos não conseguiram a estabilizar. Meu pai tem um olhar morto, não tem nenhuma reação e tudo o que ele fala é que ele está bem e que vai dar tudo certo. Eu gostaria de acreditar em suas palavras mas conheço meu pai e o que ele falou não passa de palavras falsas para ele mesmo se sentir melhor com tudo isso.

- Maria? - ouço ser chamada pelo padre. - Gostaria de dar algumas palavras aqui na frente?

- Sim, por favor. - entrego Sofia para meu pai e vou para frente de todos que vieram ao funeral de minha mãe.

- Bem, todos os que estão aqui presentes sabem o quanto minha mãe era doce e gentil, sempre querendo ajudar os outros. Ela me ajudou em todos os obstáculos da vida e eu nem sei o que seria de mim e minha filha se não fosse ela. - suspiro. - Ela era uma mulher muito especial e também muito teimosa. - ouço risadas tristonhas. - Sabe, eu daria tudo para ter mais um momento com ela, para aproveitar aquilo que não tínhamos a muito tempo. Mas infelizmente não tenho mais essa oportunidade. Mas fico feliz que ela esteja em um lugar melhor agora e sei que ela estará comigo para sempre. Até mesmo aqui, agora, me ajudando a não desmoronar na frente dessa platéia toda. - dou um sorriso. - Ela estará conosco, bem aqui no nosso coração.

Deixo uma orquídea no túmulo de minha mãe, que já estava fechado. Olho para meu pai e vou em sua direção. Ele me acolhe em seus braços e diz:

- Estou orgulhoso de você, minha filha. - sinto um beijo pousar no topo de minha cabeça.

[========]

Depois do funeral, fomos para uma praia bem perto de lá. Ficamos deitados de noite observando as estrelas e eu imaginava que uma em especial era minha mãe. Olho para Sofia, que comia a areia da praia.

- Sofia, isso não é comida. - a repreendo, limpando sua boca e sua mão.

Meu pai da uma risada e me abraça junto com Sofia.

- É melhor entrarmos, está ficando frio para Sofia.

- Tudo bem. - pego Sofia no colo.

Seguimos o caminho curto até o hotel onde ficamos. Quando chegamos eu dei um banho em Sofia e tomei banho também. Fiz minha filha dormir e coloquei ela na cama, com alguns travesseiros para ela não girar e acabar caindo no chão. Fui para a sala e sentei no sofá ao lado de meu pai.

Nem percebo quando as lágrimas começam a escorrer por meu rosto. Eu estava chorando e não conseguia mais parar. Meu pai me abraçou e passou a mão por meus cabelos curtos.

- Dói tanto papai, dói demais saber que ela não vai voltar. - digo soluçando.

- Eu sei minha menina, eu sei. - ele me aperta mais ainda em seus braços.

Eu sabia que meu pai estava péssimo, mas ele tentava ser forte por mim e Sofia. E eu o admirava muito por isso.

Cinco Anos AtrásOnde histórias criam vida. Descubra agora