Cinco Anos Atrás

PRÓLOGO

Eu sempre tive uma boa comunicação com meus pais, nunca menti ou omiti nada a eles, a não ser ele... Richard é três anos mais velho que eu e mesmo que a diferença seja pequena, meus pais nunca permitiriam sua filha de quinze anos namorar um homem de dezoito. Ele foi meu primeiro beijo e depois desse dia ficamos inseparáveis, minha mãe passou os últimos oito meses me elogiando por estudar tanto, quando na verdade eu não estava na casa da Carol estudando, eu estava com ele. Eu nunca entendi bem a relação dele com seus pais, mas eles nunca estavam em casa. A família dele tem muito dinheiro, dá pra ver pela casa que eles tem e pelo fato de que mesmo não sendo presentes, tem uma governanta que faz tudo para ele.

Hoje faz dezessete dias que minha menstruação está atrasada, não estou muito preocupada porque sempre nos cuidamos bem. Apenas uma vez não usamos preservativo, estávamos no chuveiro e eu estava menstruada, então não me importei. Li em algum lugar que era impossível engravidar no período menstrual. Por desencargo de consciência fui para a farmácia e comprei um teste de gravidez. Agora estou com ele em mãos no banheiro do meu quarto. Fiz tudo certo, de acordo com as instruções da caixa. Estou sentada olhando para meu celular, esperando dar o tempo de virar e ver o resultado que irá definir meu futuro. Mando uma mensagem para Carol, minha melhor amiga.

"Falta só um minuto..."

"Estou nervosa, me avisa assim que ver o resultado" - ela diz.

E então meu celular vibra com o timer que coloquei, dou um pulinho de susto e levanto do vaso. Seguro o teste e fecho os olhos... por favor... por favor... Suspiro e abro meus olhos, e então eu vejo dois traços rosados no visor. Estou grávida.

Grávida... grávida... grávida...

Não reajo, não choro, não grito, não aviso Carol. Só olho para meu reflexo e penso, eu fodi a minha vida.
Richard... o que ele vai dizer? Como vai reagir? Pego meu celular e envio uma mensagem para ele.

"Oi, quero conversar. Me encontra na sorveteria?"

Ele não demora para responder, em segundos meu celular vibra com a sua mensagem.

"Oi gatinha, eu também quero. Agora?"

Como assim ele também quer? O que ele tem para me dizer? Só o que me faltava é ele estar terminando comigo e eu virar mãe solteira. Meu Deus. Ele vai terminar comigo. Talvez ele só esteja animado em me encontrar e não tenha algo para falar. Me concentro em minha respiração e envio outra mensagem.

"Sim, agora! Estou saindo de casa"

Jogo uma água no rosto e amarro meu cabelo. Pego meu celular e saio do quarto, desço as escadas e me deparo com minha mãe no sofá. Ela chegou mais cedo do trabalho, não devia estar em casa.

- Oi filha, onde está indo?

- Vou na casa da Carol. - minto e continuo indo em direção a porta mas quando encontro a maçaneta ela fala de novo.

- Você parece assustada. Está tudo bem? - ela inclina o corpo para me olhar melhor da sala.

- Sim, é só que ela precisa muito que eu vá lá. - tranquilizo ela - Acho que alguém partiu seu coração ou algo do tipo.

Minha mãe assente e não diz nada, quando o assunto é garotos ela não tem costume de fazer muitas perguntas. Então aproveito e saio de casa.
A sorveteria é no bairro mas eu sentia que nunca iria chegar e minhas pernas estavam doendo de andar tão rápido. Quando finalmente a vejo no final da rua eu fico aliviada em ver que Richard ainda não chegou. Assim vou conseguir pensar um pouco no que vou dizer para ele. Entro e vou direto para o banheiro, agarro o rolo de papel higiênico e seco minhas costas, pescoço e testa que estão suadas. Quando saio, vejo que ele está sentado em uma das mesas. Vou em sua direção e me sento na sua frente.