Every question has a consequence

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   (Beatriz) 

       A fumaça se alastra pelo quarto, minhas vias aéreas começam a fechar aos poucos, o que dificulta na minha respiração, agora ainda mais ofegante. A fogo atrás dele ilumina os seus olhos, seus verdadeiros olhos pelos quais eu me apaixonei há um ano atrás.

   Tusso e pisco os olhos, tudo parede estar em câmera lenta. Ele se aproxima de mim e estende as suas mãos para mim.

-Fica longe de mim. -viro o rosto.

 A parede da minha garganta, queima. 

-Vamos. -ele ignora totalmente a minha negação.

-Eu disse..-paro de falar, ao ver a sua imagem se multiplicar. Minha cabeça roda, eu tusso mais e mais. 

   Ele não me dá tempo, apenas me tira do chão, agarrando-me em seus braços tatuados. 

-Perrie. -é a única coisa que eu consigo dizer antes de apagar completamente. 

....

   Levanto em um pulo só, olho ao redor e me assusto ao ver que estou na minha cama. 

-Meu Deus! -olho para meus braços, mas não há uma marca sequer. 

-Thalita? Thalita?! -Eu grito por seu nome, desesperadamente. Logo a imagem da minha irmã, está bem na minha frente.

-O que? Você está bem? -ela tem os olhos arregalados e o rosto assustado.

-E-eu...onde? Me ajuda, eu tive um sonho muito ruim e..-interrompo a fala, pois a tosse me atinge outra vez.

-Se acalma, se acalma. -Ela pede. Suas braços rodeiam-me, eu a sinto me apertar contra seu corpo quente.

-Desculpa. -eu choro em seu ombro.

-Está tudo bem agora, tudo bem. -ela acaricia os meus fios. 

   Depois de me acalmar, ela olha-me nos olhos e suspira.

-Onde está a Perrie? Eu preciso vê-la. -minha voz chorosa não nega o quão abalada eu estou.

-Ela está descansando agora, Bia. Mas tem alguém que quer falar com você. -Thalita se levanta da cama e ele aparece na porta, outra vez. Mas ao contrário de tudo, não há fogo ao nosso redor.

-Thalita...!

-Vocês precisam conversar. -ela diz.

-Não, eu não quero. -desvio meus olhos para ela.

-Mas é preciso. -ela diz.

-Não me deixa, não me deixa. -Sussurro, mas é tarde, ela sai do quarto, deixando-me sozinha com ele. 

  O silêncio se faz e eu não em atrevo a ser a primeira a falar. Na verdade, eu não quero o ouvir, eu não quero o ver, eu não o quero. 

  Meu corpo está tão mole, eu sinto meus braços e pernas bambearem muito. O ar parece pouco neste quarto, sinto o meu corpo pegar fogo. 

-Faz tanto tempo. -sua voz rouca ecoa pelo quarto quieto. 

-Por que está aqui? -viro-me para ele. Ele mantem a sua postura ereta. 

-Eu tinha que estar aqui.

-Por que? -ele fica em silêncio. Nos encaramos sem soltar uma palavra sequer. Estamos próximos, mas não tanto. Seu cheiro continua inconfundível, seus olhos cor de mel brilham por meu quarto, suas mãos estão ferradas. 

The Killer/ EM CORREÇÃO/Onde histórias criam vida. Descubra agora