(dez capitulos para o fim, um queijo, um beijo e até lá)
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Bem, não, eu tentei. Tentei uma vez, mas ela não quis ouvir.
Seria essa a décima segunda história? A décima terceira? Ou algo totalmente diferente? Seria um daqueles nomes que ela escreveu no papel e não quer contar para nós?
Aí, Ally, você me levou até seu carro e, embora meus pensamentos estivessem em outro lugar — meus olhos focalizando o nada —, eu senti seu jeito. Você segurou no meu braço com carinho e se abaixou para me colocar no banco do passageiro. Você apertou meu cinto de segurança, sentou noseu banco e fomos embora. Não sei ao certo o que aconteceu a seguir. Eu não estava prestando atenção, porque, no seu carro, me sentia segura.
O ar ali dentro estava quentinho e reconfortante. Os limpadores de pára-brisa, lentos, me tiravam com delicadeza dos meus pensamentos, me trazendo para dentro do carro. Para dentro da realidade. A chuva não estava pesada, mas embaçava o vidro o suficiente para deixar tudo com uma atmosfera de sonho. E eu precisava disso. Evitava que meu mundo se tornasse real demais, rápido demais. E aí... ela bateu. Nada como um acidente para trazer o mundo de volta, numa paulada só.
Um acidente? Outro? Dois em uma noite? Como eu não tinha ouvido falar nesse?
A roda da frente, do meu lado, acertou a guia com tudo, saltando por cima dela. Um poste de madeira deu de cara com o pára-choque dianteiro e se partiu como um palito de dente.
Meu Deus. Não.
Uma placa de ― pare, tombou para trás, diante dos faróis do carro. Ela ficou presa embaixo dele e você gritou e enfiou o péno breque. Pelo espelho lateral, vi faíscas voando sobre a pista, conforme fomos derrapando, até parar. Tudo bem, agora estou acordada. Ficamos sentadas um instante, olhando fixamente através do vidro. Nenhuma palavra, nenhum olhar entre nós. Os limpadores de pára-brisa continuavam varrendo a chuva de um lado para o outro. E minhas mãos permaneciam agarradas ao cinto de segurança, agradecendo por termos atingido apenas uma placa.
O acidente com o velho. E o cara do colégio. Será que Camila sabia? Sabia que Ally tinha causado o acidente?
Sua porta se abriu e fiquei assistindo você andar até a frente do carro e se agachar na frente dos faróis, para olhar mais de perto. Você passou a mão na lataria amassada e deixou a cabeça pender para baixo. Não consegui perceber se você estava irritada. Ou você estava chorando?Quem sabe estivesse rindo da maneira como aquela noite estava se tornando tão horrível.
Eu sei aonde vou. Não preciso do mapa. Sei exatamente onde fica a próxima estrela, por isso me levanto para começar a caminhar.
O amassado não era dos piores. Não quero dizer que isso era uma coisa boa, mas que você podia ficar aliviada. Poderia ter sido pior. Poderia ter sido muito, muito pior. Por exemplo você poderia ter batido em alguma outra coisa.
Ela sabe.
Alguma outra coisa viva. Eu não sei quais foram seus primeiros pensamentos, mas você ficou parada, de pé, com uma expressão vazia. Parada, encarando o amassado, balançando a cabeça. Aí, seu olhar cruzou com o meu. E tenho certeza que vi você fazer uma cara horrível, mesmo que tenha durado apenas uma fração de segundo. Mas aquela cara feia se transformou num sorriso e, em seguida, você deu de ombros. E quais foram as primeiras palavras que você disse quando entrou de volta no carro?
― Que saco!
Você colocou a chave na ignição e e eu impedi. Não podia deixar você sair guiando.
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suicide girl ; camila&lauren (revisão)
FanfictionLauren encontra uma caixa de fita cassetes em frente a sua casa endereçada para ela. Nas fitas são gravações de Camila Cabello. Uma garota que cometeu suicídio à algumas semanas atrás.