61. please teacher, help her.

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   O parque Eisenhower está vazio. Fico parada em silencio na entrada, dando uma olhada geral. É Aqui que vou passar o resto da noite. Aqui que vou escutar as últimas palavras de Camila Cabello antes de me deixar cair no sono. Postes de iluminação se espalham playground, mas a maioria das lâmpadas está queimada ou quebrada. 

   A metade de baixodo foguete-escorregador se esconde no escuro. Perto do topo, onde a altura do foguete ultrapassa os balanços e as árvores, a luz do luar bate em suas barrar de metal e o ilumina até em cima. Ponho os pés na área de areia que cerca o foguete. Eu me agacho para ficar embaixo de sua plataforma inferior, suspensa por três grandes barbatanas de metal. Em cima de mim há um círculo, largo o suficiente para uma pessoa passar. É o piso mais baixo do foguete. Saindo dele, uma escada de metal desce até a areia. Assim que me ergo, meus ombros atravessam o buraco. Com a mão boa, me apoio na beirada do circulo e subo até a primeira plataforma. Enfio a mão no bolso da jaqueta e aperto play.

Uma... última... tentativa. Ela está sussurrando. O gravador está bem pertinho de sua boca e, a cada intervalo entre suas palavras, posso ouvir sua respiração. Estou dando mais uma chance á vida. E, desta vez, vou buscar ajuda. Vou pedir ajuda, porque não consigo fazer isso sozinha. Eu já tentei.

   Não tentou, Camila. Eu estava ali, por você, e você me mandou embora. 

É claro que, se estiverem escutando isso, eu fracassei. Ou ele fracassou. E, se ele fracassar, o negócio esta fechado. Sinto um aperto na garganta e começo a subir a próxima escada. Só resta uma pessoa entre vocês e esta coleção de fitas: o SrPorter. 

   Não! Ele não pode ficar sabendo disso. O Sr. Porter é nosso professor, meu e de Camila. Eu o vejo todos os dias. Não quero que ele saiba nada sobre isso. Não sobre mim. Nem ninguém. Meter um adulto nessa historia, uma pessoa do colégio, vai além do que eu imaginava.

Sr. Porter, vejamos como o senhor se sai. 

   Um som de zíper abrindo. Um barulho como se ela estivesse guardando alguma coisa. Camila está colocando o gravador dentro de algum lugar. A mochila? O casaco? Ela bate em uma porta. Bate novamente.

– Camila! Fico contente que tenha vindo.- a voz esta abafada, mas é ele. Serio, mas amável. – Entre. Sente-se aqui. 

Obrigada. Nosso professor, mas também o orientador dos alunos com sobrenomes de A a J. O orientador de Camila.

– Você está bem acomodada? Quer um copo de água?

- Estou bem. Obrigada.

– Então, Camila, em que posso ajudar? Sobre o que você gostaria de conversar?

- Bem, isso... Não sei, na verdade. Simplesmente sobre tudo, eu acho...

– Isso pode demorar um pouco. - uma pausa longa. Longa demais.– Camila, está tudo bem. Tenho todo o tempo de que você precisar. Pode começar quando quiser.

- É só que... as coisas... tudo está tão difícil neste momento.

   Sua voz treme.

- Não sei por que onde começar. Quer dizer, até que sei. Mas é tanta coisa, e eu não sei como resumiu tudo.

– Você não precisa resumir tudo. Por que não por como você esta se sentido hoje? Neste exato momento?

– Neste exato momento. Este exato momento, me sinto perdida, eu acho. Meio vazia.

– Vazia como?

suicide girl ; camila&lauren (revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora