Capítulo V: Velha disfunção

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Samuel

Os murmúrios haviam começado cedo nessa segunda-feira, logo depois que Tate e Samir que agora dividiam um quarto, conferiram seus novos horários após o café da manhã e descobriram que agora não havia mais duas turmas distintas, e sim uma única, formada por todos os estudantes.

Coisa que a diretora tinha deixado de fora do seu discurso no dia anterior de propósito.

– Eles não têm o direito de fazer isso conosco.

Javier rosnou, ele estava mais bronzeado do que no ano passado, e não tinha mais o cabelo platinado que mantinha desde o início, dessa vez somente as pontas mantinham a cor, o restante mostrava a tonalidade de um loiro escuro, que também não era a cor real do seu cabelo.

– Para falar a verdade eles têm.

Christian respondeu ajeitando a camisa social.

Ele usava um colete preto sobre a camisa e uma gravata fina, com calças jeans cinza e tênis. Seu uniforme personalizado.

– Está defendo eles, Chris? – Javier perguntou impaciente, ele estava bastante ofendido com tudo que tinha ocorrido. Sébastien e eu estávamos no sofá da sala, Roman estava em pé junto a multidão e Killian atrás de mim encostado atrás do sofá – Nossa turma só sofreu uma baixa depois que se juntou a eles, e agora querem unir todos nós?

Perguntou agora incitando o restante.

Tate revirou os olhos e se afastou do Javier enquanto o Rex estava sentando em uma poltrona cochichando algo com Skandar que se esforçava para não rir.

– Nós não o matamos.

Roman comentou se intrometendo pela primeira vez.

– Os demônios fizeram isso.

Samir acrescentou.

Ele tinha mantido o visual de antes. Lápis de olhos, cabelo arrepiado, unhas pintadas dessa vez de roxo, e um estrela de Davi de prata no pescoço. O que foi uma surpresa, primeiro pelo visual combinar pouco com a cultura judaica e segundo por que bruxos estavam longe de serem religiosos. Talvez fosse a herança israelense. Quem sabe

– Ou você esqueceu que outros dois da sua turma também estavam lá para atestar isso?

Perguntei apoiado por Killian que o olhava sério e fulminantemente.

– Vocês e esse lance todo de Círculo de Sangue, não me enganam. Vocês vão acabar nos matando. E eles também por nos forçarem a ficar com vocês.

Javier comentou cuspindo as palavras no ar com ódio e se um dia eu me preocupei com o que o Rex falava, estava redondamente enganado que não poderia haver coisa pior do que inveja. Havia ódio, e culpa. Culpa a qual ele tinha fixado em nós.

– Você não pode estar falando sério em nos culpar.

Bash acrescentou, mas Javier parecia ansiar por mais.

– Parem, todos vocês.

Asa gritou puxando atenção para si.

Normalmente ele estava rindo, fazendo piada ou contrabandeando bebidas. Mas fora isso, eu sabia pouco sobre ele.

– Nosso amigo morreu como as amigas deles morreram. Mas realmente existem eles e nós?

Perguntou, e era verdade.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora