Capítulo XXI: Entre cães e rainhas

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Lexa

– É meio injusto entende...

Disse tentando decidir se usaria um rabo de cavalo ou uma trança em cascata.

Amora por outro lado não pareceu me ouvir, estava em pé de braços cruzados encarando o vazio a mais de cinco minutos.

– Amora, você está me ouvindo?

– Infelizmente, sim. Você conseguiu uma vaga também, então por que se importar? E de qualquer maneira, nenhuma dessas coisas parece de muita importância agora, não acha?

Perguntou chateada e irritada, não comigo realmente.

– Pelo contrário. Aquilo foi dois dias atrás, e sua premonição nos deu uma vantagem que antes não tínhamos, e agora há pessoas protegendo nossos parentes ao redor do globo. Mas nós podemos ficar aqui chorando e se preocupando em saber qual dos nossos país, avós ou tias vão morrer, ou podemos continuar a seguir o plano original de tentar ter uma vida beirando a normalidade básica de qualquer jovem da nossa idade, contudo não podemos fazer os dois.

Disse por fim preocupada.

– Você realmente acha que isso tem sentido?

Perguntou se virando para direção do espelho de corpo todo.

– Sim. Não. Talvez. Mas eu não quero ficar aqui chorando com você, ou sem você. Ou com ninguém, na verdade. Não vai nos levar a lugar nenhum. Não vai protegê-los ou tirá-los do perigo. Eles são a nossa família, e no minuto que pisamos aqui, nós os colocamos em perigo, mesmo sem querer. Acho que o eu quero dizer é que isso era questão tempo. Nós que fomos ingênuos em achar que a guerra iria se restringir aos limites da cidade feita de fumaça e cinza.

– Posso não ser uma sangue-puro, mas banshees não costumam errar.

Completou com a voz fraca.

– Então vamos torcer para que possamos derrotar Paimon antes disso. Até lá, nós vivemos, estudamos, fazemos nossos testes malucos, e tentamos ficar mais fortes. E para isso precisamos de equilíbrio, você concorda comigo?

Perguntei me aproximando e a forçando a se virar.

Amora afirmou que sim com a cabeça.

Sua premonição tinha mexido com todos, contudo ela havia sido a pessoa a acordar em gritos no meio da noite sentindo como se seu mundo fosse se dividir ao meio e explodir e não nós, e eu sabia pelo elo que a aquela sensação ainda estava na boca do seu estomago e presa no meio da sua garganta e isso estava, por falta de palavra melhor, a matando.

– E ir à festa da Fortelucy, vai ajudar? – perguntou fitando primeiro o chão depois a mim – Por que ela já disse que não precisamos ir se não quisermos.

– Ela disse isso porque é educada e tem um bom coração, mas nós sabemos que a noite de hoje tem alguma grande surpresa e ela queria o Killian lá, e nós somos o pacote o adicional. E ele não vai, se nós não formos. E pode não ajudar, mas pelo menos não deve piorar.

Completei tentando fazer graça, Amora me olhou como se eu estivesse quebrando um espelho de propósito para nos dar azar.

– E agora eu tenho um péssimo pressentimento sobre isso.

Retrucou desistindo de argumentar.

– Bom que você sabe que nós não vamos escutá-lo – acrescentei sorrindo – E agora voltemos a entender como a Hya conseguiu passar para assistente de Artes Especializadas.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora