Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&Monstros

Capítulo XXXIII: Palavras secretas

Samuel

Me deitar com o Killian, significava sempre desejar um bom ar-condicionado. Seu corpo sempre emitia uma onda agradável e calmante de calor, mas que rapidamente poderia se tornar incomoda em situações em que o clima já fosse quente o suficiente.

Para minha sorte a temperatura dos quartos poderia ser modificada a qualquer momento. Só bastava pensar.

Enquanto Killian e eu nos enrolávamos num simples lençol, Roman se muniu de dois edredons para seu conforto.

Me acostumei também a dormir com o menor número de roupas possíveis quando deitávamos juntos. Era uma coisa dele. Logo tinha se tornado uma coisa nossa. Killian sempre dormia de cueca, eu sabia disso desde a primeira semana aqui, quando esbarrei com ele no banheiro da casa do Leão. Não que eu reclamasse, é claro.

Como na maioria das coisas que envolvia o toque humano, eu tinha sido relutante, mas ficou claro que não havia como discutir sobre um assunto, quando eu mesmo não lembrava dele depois do calor do momento se iniciar.

Os pelos no seu peitoral, e a barba no rosto não causavam incomodo agora. Uma sensação que eu tinha conciliado as melhores outras sensações que eu pudesse ter, para ser bem honesto. Especialmente agora que eu seu cabelo fazia pequenas ondas cacheadas que eu poderia brincar sempre que quisesse.

– Volte a dormir.

Sussurrou quase moribundo se não fosse tão fofo.

– Estava dormindo até você me acordar.

Menti.

– Catorze minutos, e vinte três segundos.

Respondeu.

– O que?

– O tempo exato que você estava acordado antes de eu falar. Sua mente faz um zumbido sempre que você começa a pensar.

Explicou e eu me virei para enxergá-lo, normalmente eu ficava dentro do esquema de dormir de conchinha.

– Não sabia disso.

Comentei, era novidade.

– Prestar atenção é como meu segundo dom – comentou rindo, ainda de olhos fechados – E falando nisso, desde quando você fala japonês?

Perguntou finalmente se mexendo e se espreguiçando.

– Como assim?

Perguntei brincando com o relevo dos músculos do seu toráx e barriga. Não havia definição maior e sensual do que aquela. Pelo menos naquele momento.

– Você não fala tanto dormindo quanto a Lexa, mas ainda sim acontece.

Respondeu com olhos verde-esmeralda. Minha irmã era conhecida por dar tutorais inteiros enquanto dormia. Para nossa sorte sua colega de quarta partilhava dos mesmos segredos que ela.

– Eu acho que tive um sonho com o meu pai e minha mãe.

– E por que qualquer um de vocês três falaria japonês?

– Eu não sei.

Respondi, era verdade.

Me lembrava vagamente do sonho. Não era uma lembrança, pois meu pai e eu tínhamos a mesma idade que temos hoje, somente minha mãe parecia como na época que estava viva.