Capítulo XXXIV: Ravenkov

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Lexa

Terminei de prender a minha trança espinha de peixe lateral com um dos elásticos estampados da Amora, cheios de caveiras e ossos, pois não tinha encontrado nenhum dos meus de manhã.

A mecha rosa parecia a cada dia mais apropriada, mas algo no restante do tom do meu cabelo parecia deslocado, minhas sobrancelhas e olhos também tinham começado a me incomodar quando eu me maquiava, e toda a estrutura óssea do meu rosto no geral, mas eu não sabia o porquê.

– Gostei do penteado.

Disse Kat se aproximando de mim e da pia de mármore claro do banheiro.

– Obrigada, estou ficando muito boa nisso. Seu cabelo está muito bonito também.

Respondi, olhando para o cabelo encaracolado que a Kat possuía.

Seu tom de loiro era mais escuro e com várias tonalidades, enquanto o meu era bastante claro e pálido da raiz as pontas, destoando somente com a mecha rosa.

– Você nunca o viu cheio de estática, tenho que focar metade da minha concentração para estabilizar a estática no meu cabelo quando uso meu dom. Se não eu fico parecendo a Mérida loira.

Ironizou e eu ri, era engraçado.

– Falando nisso, como anda os treinos com o Killian e seu chicote elétrico?

Perguntei me virando de costas para a pia, ainda tínhamos alguns minutos do primeiro intervalo até a aula de Teoria e Conceito Intermediário em Magia.

– Incríveis! – respondeu entusiasmada – Não fazia a menor ideia que eu poderia moldar minha eletricidade em uma forma sólida. Estamos testando outras coisas, mas até agora a única coisa que eu consigo criar realmente são os chicotes.

– Se alguém pode te ensinar é ele. Killian é o melhor. Ele consegue formar qualquer objeto com suas chamas, como cavalos e qualquer outra coisa. Só que normalmente ele prefere armas.

– É impressionante o número de armas que ele domina. É na verdade assustador. E eu achava que eu era estranha por causa do arremesso de facas.

– Ao menos você consegue fazer alguma coisa.

Disse Hya surgindo de um dos boxes, apertando seu rabo de cavalo e abrindo a torneira da pia.

– Problemas com as aulas práticas de luta?

Perguntei tentando criar um diálogo civilizado.

– Sou uma usuária de espírito, meu dom é manipular o éter. Não posso exatamente formar armas com meu dom, ou muito menos arremessar objetos pontiagudos com precisão.

– Pelo que eu soube não é tão ruim assim – Kat acrescentou – Li na lista de leitura da semana passada que vocês podem fraturar ou despedaçar a alma de alguém ou provocar grande dor espiritual.

– Ou infundir poderosas maldições.

Completei sem esclarecer minha fonte de conhecimento, me recordando que tinha que agilizar a minha lista de leitura desse mês. Recebíamos uma todo mês agora, com alguns textos, livros e biografias para estudar entre as aulas para nos aprofundarmos em assuntos diversos. As variantes do Éter, tinha sido um dessas dissertações.

– Sim, claro. Mas preciso de aproximação ou algo fortemente ligado àquela pessoa. Se não, meu dom não tem efeito. O éter não é um elemento minimamente sólido como a maioria dos outros. Ele habita no seu próprio plano de existência, fluindo entre as camadas não físicas da realidade. Eu posso acessar e manipular isso. Mas é como tecer uma tapeçaria, requer tempo, concentração e um plano, senão eu posso fazer uma grande bagunça. E nesse caso, muitas vezes irreparáveis.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora