Capítulo XXIX: Dezesseis de nós

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Samuel

Não foi uma surpresa encontrar o professor Siegfried nos esperando na sala circular.

Ele estava se mantendo sempre pontual ultimamente e com um sorriso amigável e complacente na maior parte do tempo e hoje não era exceção, mas com uma seriedade que faziam sua expressão jovial ficar confusa as vezes.

Como não estávamos exatamente no período de aulas convencionais, alguns professores viam com roupas mais casuais, e nós tínhamos a liberdade de não vir de uniforme dependendo do período em que a aula se passava. Se ela era logo após nossa última aula com a turma toda, nos continuávamos com ele, mas se ela era depois. Nós geralmente nos trocávamos.

Mas ficava difícil não olhar para ele e se perguntar.

Com a promessa do professor Garrett, os professores agora revelavam seus segredos mais obscuros e íntimos para nós se perguntássemos. E não era difícil imaginar o que queríamos saber sobre Lucian Siegfried.

Talvez tenha sido algum muito ruim, Lexa acrescentou pelo elo.

Estávamos todos mudos, era obvio o pensamento em comum.

Ao menos que ele tenha sido muito burro ou um psicopata muito bem disfarçado, o que um rapaz de dezenove anos poderia fazer de tão ruim?, Amora perguntou, sabíamos agora por uma breve passagem que essa era a idade que ele tinha parado de envelhecer, mas isso só tínhamos tomado ciência por puro acaso.

Talvez nada, Sébastien acrescentou sendo a prova viva, que as vezes era necessário somente existir para ser punido.

Seja o que for por ora será um mistério, Roman completou.

E talvez devesse.

Havíamos descoberto que o motivo da sua juventude era na verdade uma maldição imposta pelo Grande Conselho dos Clãs anterior ao atual. E não importasse sua formação, aparentemente os Grandes Conselhos eram uma prova pura de que nossas vidas estavam longe de serem nossas para comandar. E isso não era surpresa.

Contudo, talvez por ele ser um dos professores mais abertos desde o início, ninguém se atreveu, excluindo obviamente, Javier e Rex, a querer saber exatamente o que ele fez. Cada um merecia sua cota de privacidade as vezes.

– Vocês realmente não são bons em disfarçar, não é?

Comentou sorrindo, nos pegando de surpresa o que não era difícil. Principalmente se levássemos em conta que ele era muito bonito, mas com aquela beleza mórbida as vezes, que todo necromante tinha.

– Mentes curiosas.

Lexa comentou rindo, se sentando numa cadeira próxima a ele já que suas aulas eram mais descontraídas. Tanto que ela usava um vestido curto bege de mangas longas e largas. E o cabelo em uma trança tiara, o que eu deveria concordar estar muito bem feito, já que agora ela mesma as fazia com sua telecinese.

– Todos da turma conversamos, e não vamos perguntar até que o senhor queira contar.

Roman acrescentou sorrindo, em apoio. Ele estava sempre pronto para ser um ombro amigo, era louvável todas as vezes.

– Aprecio muito a maturidade de vocês sobre isso.

Respondeu, e não era sarcasmo, era real gratidão.

– Todos cometemos erros. Alguns nem isso.

Bash acrescentou se sentando com a Amora no sofá do outro lado da sala.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora