Capítulo XI: Arsenal das Sombras

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Lexa

– O que você acha, curto ou longo?

Perguntei a Clea, enquanto segurava meu cabelo por trás e encarava o espelho do banheiro.

– Eu acho que você é uma daquelas pessoas que ficaria linda de qualquer maneira.

Clea respondeu com olhos arregalados.

As flores do seu cabelo hoje eram lilases, que contrastavam bem com o azul piscina do seu cabelo.

– Também acho a mesma coisa, mas meu irmão vive me dizendo que não podemos falar essas coisas sobre nós mesmo. Alguma coisa a ver com modéstia. Nunca entendi muito bem esse conceito.

Respondi animada, hoje estava usando um batom da mesma cor dos cabelos da Clea, ela tinha o elogiado também.

Também já havia reparado que as flores da meia calça branca que ela usava, mudavam para o tipo de flor que ela colocava como adorno nos cabelos. Margaridas, rosas, orquídeas. E até mesmo as minhas favoritas, girassóis. E outras que eu não saberia o nome antes da união do círculo. Ela pelo visto conhecia todas.

O restante do seu uniforme era constante, a saia drapeada cinza, a camisa social branca, a jaqueta e sapatilha pretas.

– Sempre acho você engraçada.

Completou.

– Só um entre todos os meus inúmeros talentos, mas por hora vou deixar a decisão de cortá-los ou não os cortar para mais tarde. Especialmente já que agora vamos descobrir mais algumas novas maneiras de matar demônios.

Respondi animada.

O professor Siegfried havia prometido na semana passada que iria finalmente nos ensinar como transformar diferentes tipos de metais em substâncias nocivas aos demônios do mesmo jeito que a prata agia naturalmente.

E hoje era o grande dia.

– Vocês vão se atrasar para sua aula.

Disse Pippa Dúbois surgindo do além tumulo.

– Pelos deuses, Pippa! – arfei nervosa – Você realmente precisa de um sino ou alguma coisa do tipo.

Ela tinha um péssimo hábito de assustador às pessoas desde que tinha recuperado a permissão de se materializar.

– Nós já estamos indo, senhorita Dúbois.

Clea respondeu assustada, obviamente vendo Pippa como uma figura de autoridade que infelizmente eu não era mais capaz de ver. Mesmo que como espírito guardião do local, ela realmente fosse.

– Se apressem.

Acrescentou antes de desaparecer.

– Ela me assusta.

Clea completou pegando suas coisas da pia de mármore do banheiro.

– Ela late, mas não morde. Não exatamente.

Respondi.

Pippa parecia como antes, vestido branco e translúcido, cabeça raspada, pele negra e olhar de luz pura. Porém, desde que tinha sido reajustada a nossa sociedade ela estava ligeiramente diferente.

Aparentemente aquela não tinha sido a primeira vez que Pippa, a guardiã desse lugar tinha beirado a loucura. Os guardiões dos marcos, não eram espíritos ou fantasmas em si, eram projeções de consciências, retiradas de pessoas que um dia haviam vivido e feito parte da história da cidade.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora