Capítulo 4- Eu te amo idiota!

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Era o último dia da primeira semana de aula do ano, e eu já estava totalmente cansada, hoje é o dia da eleição do presidente de classe, e surpreendentemente, talvez nem tanto assim, a novata se candidatou.

- Sara em quem você vai votar? – A Mila, que sentava na minha frente, se vira para mim.

- Acho que na Clarisse...

- Eu também, espero que ela ganhe, não aguentaria a novata como presidente de turma... – A Mila já deveria saber que ela não pode falar essas coisas porque as coisas que ela quer nunca acontecem.

- E a nova presidente de turma é... – A professora fazia questão de fazer esse mistério – A Lucy – Ó aí, tá vendo. A turma inteira instantaneamente começou a aplaudir e a assobiar, mas tudo que eu escutei foi a Mila batendo com a cabeça na carteira e resmungando, apenas dei de ombros.

No intervalo resolvi passar na sala de artes, o que me lembrava que havia visto a Bela ontem, ela realmente só pegara um resfriado, isso me deixou muito mais tranquila, meus pensamentos foram interrompidos por gritos de um garoto sendo pressionado contra a parede e sendo ameaçado de ser espancado, que não demorei para reconhecer, e quem poderia ser o agressor? Mas é claro que tinha que ser o Ryan, não pensei duas vezes, corri imediatamente para a cena.

- Me deixa em paz Ryan – Alan se contorcia para tentar se livrar do Ryan

- Me obrigue – O Ryan o pressionava mais forte contra a parede

- Solta ele Ryan – Segurei o seu pulso

- Porque eu faria isso?

- Não tem necessidade de agredi-lo assim, ele não te fez nada – Apertei ainda mais seu pulso - Além do mais, não será bonito se a coordenadora souber disso...

- E você acha que ela vai acreditar? – Ele soltou um sorriso de deboche

- Quer tentar pra vê? – Soltei o sorriso mais malicioso que tinha

- Aish... – Ele resmungou e largou o Alan e foi embora, eu sabia muito bem como convencer as pessoas, apesar de eu achar que ele não iria deixa-lo em paz tão fácil assim.

O Alan chorava sem parar, eu não sabia porque, me abaixei perto dele que estava sentado no chão com o rosto entre os joelhos.

- Alan... O que... aconteceu? – Perguntei sendo mais cuidadosa o possível, pousando minha mão sobre suas costas, mas ele não me respondeu, só conseguia chorar e mais nada.

- Olha, você não precisa se preocupar dos outros te chamando de gay, só porque você fica andando com o Natan, vocês são melhores amigos e só isso, então não precisa ligar para o que dizem – Eu queria conforta-lo, mas ao que parece, o que eu disse só o machucou mais ainda pois ele olhou fixamente para mim com os olhos arregalados, ferrou, eu disse a coisa errada.

- S-Sara, E-Eu... – Ele tentava me dizer algo mas era impedido, não sei se pelos seus soluços ou pela sua hesitação – Eu gosto muito do Natan – Ele disse tão baixo que eu não escutei.

-Ahn...pode falar um pouco mais alto – Senti que fui desrespeitosa

- EU GOSTO DO NATAN, EU O AMO MUITO!!!!! – Naquele momento eu não fiz nada que não fosse o abraçar.

- Alan, tá tudo bem, só por favor, não guarde isso só pra você, não quero que você sofra mais com isso, converse com o Natan – Fiquei aliviada ao ver que ele estava mais calmo, ele assentiu com a cabeça e enxugou suas lágrimas, nos levantamos do chão e seguimos para nossas salas.

O Alan é como um irmão para mim, ele morava do meu lado e estudávamos (ainda estudamos) na mesma escola no ensino fundamental, então assim que me mudei o conheci, brincávamos juntos e eu estava sempre o protegendo dos problemas em que se metia, ele é meio baixo, possui cabelos castanhos claros que são lisos e caem pelo seu rosto, na época que éramos crianças ele era incrivelmente magro e fraco, mas ele mudara, me surpreendia o quanto ele estava mais forte. Um dia ele precisou se mudar e nos afastamos, mas ainda nos falávamos na escola só que muito pouco já que ele era um ano mais novo que eu, por ele ser muito ingênuo, ficava preocupada em como ele estava, mas fiquei aliviada quando ele conheceu o Natan, que até hoje, está sempre com ele.

P.O.V – Alan

Se a Sara não estivesse comigo naquela hora eu com certeza teria me matado, sempre sofri com xingamentos do tipo, gay, bixa, viado, mas eu sabia que eu não chorava por sofrer aquele bullying, e sim porque tudo isso era verdade, desde que eu conheci o Natan eu sinto esse negócio estranho no meu coração, estava com medo do que eu poderia sentir, então fingia não ser nada, mas foi ficando cada vez mais impossível de suportar isso, toda vez que pensava nele meu coração acelerava, quando ele me chamava de amigo meu coração doía, e quando o via com outras pessoas ele se enchia de raiva, todas as vezes que eu chorei fora por ele, não pelos xingamentos, pensei em me matar diversas vezes, mas pensei que seu fizesse isso ele poderia ficar triste por eu não estar mais lá, ou teria ficado feliz por eu ser apenas um estorvo, não poderia mais esconder isso, então resolvi que me declararia para ele na segunda, mesmo que ele me rejeitasse e nunca mais quisesse ver minha cara.

...

Como decidido ao acabar a aula na segunda o chamei para conversar, meu coração nunca estivera tão acelerado e minhas mão nunca suaram tanto, meu corpo estremecia de nervosismo.

- Alan, está tudo bem? – Ele claramente percebia meu nervosismo.

- Bom...sim... quer dizer, mais ou menos... – Naquela altura o que eu dizia já não fazia mais sentido, as coisas na minha cabeça estavam todas embaralhadas.

- Cara você tá estranho, o que quer falar? – Ele sorria da minha cara

- Bom... é que... não é fácil... – Eu olhava pra todo lugar menos em seus olhos.

- Você sabe que pode me contar qualquer coisa... – Ele colocou suas mãos em meus ombros o que me deixou mais perdido, mas ao mesmo tempo me deu mais forças para falar aquelas palavras que estavam entaladas na minha garganta, seus cabelos louros balançavam por conta do vento que entrava pela janela. Respirei fundo antes de falar

- E-Eu gosto de v-você... – Fechei meus olhos, não queria ver sua expressão, mas fui forçado a abri-los ao escutar um ser humano morrendo de rir na minha frente.

- Hahaha... Isso eu já sei – Ele não parava de rir, claramente ele não tinha entendido o que eu quis dizer o que me deixou com muita raiva.

- Não é isso...

- Ahn? – Ele me olhava confuso, ai meu santo pão de queijo, por que ele tinha que ser tão burro?

- EU TE AMO IDIOTA!!! – Estava com tanta raiva que não consegui controlar a tonalidade da minha voz, senti as lágrimas caírem desesperadamente dos meus olhos.

- Alan você... – Sua expressão mudara completamente, estava surpreso, triste, com raiva? Não sabia decifrar aquilo.

- VOCÊ NÃO SABE O QUANTO EU SOFRI ESCONDENDO ISSO, TODA VEZ QUE EU CHORAVA, NÃO ERAM PELAS COISAS QUE DIZIAM, E SIM POR VOCÊ – Eu queria pular pela janela por ter gritado com ele, e agora tudo que eu conseguia fazer era encarar o chão, estava prestes a sair correndo daquela sala, meus eu senti uma mão me segurando.

- ME SOLTA – Tentava tirar a mão dele do meu pulso, mais fui subitamente puxado para perto dele que inesperadamente me deu um abraço.

- Alan... – Ele me apertava tanto que era difícil respirar, ou talvez fosse seu cheiro, que estava muito perto e me fazia enlouquecer – Eu também te amo, eu também sofri com isso guardado dentro de mim, achei que eu ia te perder se eu te contasse e... – Lágrimas escorriam por suas bochechas, eu nos afastei um pouquinho e passei minhas mãos nelas para enxugar suas lágrimas, o ato parecia ter o surpreendido, mas ele logo soltara um sorriso confortante.

- Me promete que vai estar sempre comigo? – Eu segurava suas mãos agora

- Eu ia fazer isso mesmo que não me pedisse – Ambos rimos, voltamos cada um para suas respectivas casas, e ao entrar no meu quarto me joguei na cama, recordava do que tinha acontecido mais cedo e me peguei no flagra rindo feito um bobo, não acredito que tudo deu certo...

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Tão fofinieo esse capítulo, haushaushaus, o que será que vai acontecer agora em? Vão ter que esperar p ver, haushaushaushaush :3

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