23 de novembro de 2016

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Hoje me fiz sôfrega da abstinência de sofrimentos passados.

Sim, exatamente isso que acabou de ler.

Estava aérea, deixando a mente rolar por onde quisesse. Eu não sabia ou ignorei o fato, de que ela resolveria parar em momentos amargos.

Qualquer um que se encontrasse nessa situação, assim como eu, optaria logo por findar o pensamento. Fazer com que a dor retornasse logo ao esconderijo em que antes se encontrara. Que ela se recolhesse, se guardasse.

Pois a dor não desaparece. Apenas permanece quieta enquanto tentamos nos ocupar com motivos de alegria. Mas essa quietude temporária logo é abafada por gritos agudos de penar.

E esses gritos estavam ecoando como nunca em minha mente.

E eu, voltei a sentir traços da tristeza sentida no momento dos acontecimentos. Mas minha mente reagiu como uma viciada. Mais as frações de sofrimento entravam nas veias, mais ela queria.

Eu precisava sentir tudo novamente. Toda dor, sofrimento, angustia, desespero. Eu precisava desse martírio.

E fui em busca disso. Procurei vestígios, lembranças, cicatrizes. Fui atrás de todo e qualquer rastro de memórias dolorosas.

E, prazerosamente, consegui. Refiz o acontecimento em minha mente da melhor forma que pude. Senti as pontadas, as dores.

Depois me deleitei da overdose de passado.

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora