Voltei, pela primeira vez, no mesmo dia.
Eu não ia mais dizer nada. Alias, não tinha o que dizer.
Acabei de reclamar da falta de inspiração. Lembra?
Mas depois desse desabafo, fui rever os antigos, e eles me fizeram chorar.
Você deve se lembrar das vezes que eu disse que, quando estou bem, não recordo dos abismos em que estive.
E é a mais pura verdade.
Ando bem. Não totalmente. Mas razoavelmente. Talvez, normalmente bem.
E eu havia me esquecido. Não dos acontecimentos. (Entenda que são cicatrizes que jamais saíram de mim.) Mas das dores.
Eu via o corte, mas não me lembrava o quanto foi profundo, o quanto doeu e o quanto sangrei.
Eu só via a casca dolorida, não a fratura exposta.
Como doeu!
Agora, depois de reler, a vaga lembrança vem.
Caramba, só eu vou saber a dor que senti, As horas de choro, o mal estar e a vontade de deixar de existir. Só eu.
É pesado lembrar. Como ver uma serie de suicídio e lembrar que foi inspirada em você.
Dói muito. Não tanto quanto na hora, mas dói.
Como me esqueci?
Mas apesar disso, no fundo, eu não queria nem ter me lembrado.
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O diário aleatório de Margot.
PoetryQuerido Diário, Você foi criado para isto, ser diário. Em você falarei sobre coisas banais, pensamentos aleatórios ou apenas para escrever. Seja como for, que isso me ajude a quebrar alguns bloqueios de escrita. Não se sinta ofendido se o que for...