17 de Abril de 2017 (2)

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Voltei, pela primeira vez, no mesmo dia.

Eu não ia mais dizer nada. Alias, não tinha o que dizer.

Acabei de reclamar da falta de inspiração. Lembra?

Mas depois desse desabafo, fui rever os antigos, e eles me fizeram chorar.

Você deve se lembrar das vezes que eu disse que, quando estou bem, não recordo dos abismos em que estive.

E é a mais pura verdade.

Ando bem. Não totalmente. Mas razoavelmente. Talvez, normalmente bem.

E eu havia me esquecido. Não dos acontecimentos. (Entenda que são cicatrizes que jamais saíram de mim.)  Mas das dores.

Eu via o corte, mas não me lembrava o quanto foi profundo, o quanto doeu e o quanto sangrei.

Eu só via a casca dolorida, não a fratura exposta.

Como doeu!

 Agora, depois de reler, a vaga lembrança vem.

Caramba, só eu vou saber a dor que senti, As horas de choro, o mal estar e a vontade de deixar de existir. Só eu.

É pesado lembrar. Como ver uma serie de suicídio e lembrar que foi inspirada em você.

Dói muito. Não tanto quanto na hora, mas dói.

Como me esqueci?

Mas apesar disso, no fundo, eu não queria nem ter me lembrado.

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora