Melancólico Diário,
É verdade que toda calmaria antecede o caos?
Pois eu diria que sim. E você também dirá após o fim do meu lamento.
A manha do dia oito foi doce. Foi de uma graciosidade interna muito grande. Me sentia completa, feliz e esperançosa. O sol esquentava meu rosto, o vento sussurrava para mim. Quase que os pássaros me levaram voando ao trabalho.
Tudo bem, talvez nem tanto. Mas comparado a manha de hoje, tudo pareceu digno de uma manha primaveril.
Mas a felicidade dessa manha não durou tanto. Algumas horas depois já me senti faltosa de alegria. Eu me sentia só.
Tentei ignorar a solidão e enfrentar a tarde orgulhosa. Mas a noite tudo é devastador.
A solidão era injetada em doses grandes em minhas veias. Causando seus efeitos colaterais de tristeza e pesar.
Eu procurei um porto sequer para me atracar, despejar as amarguras e poder velejar em paz. Mas nada encontrei.
Os que seriam perfeitos para isso estavam ocupados ou já abarrotados com as próprias dores. Aos outros que sobraram, não suportariam a bagagem que eu tinha a descarregar.
Então eu desisti. Procurei a lua a me guiar e nem ela estava disponível.
Me entreguei a solidão. Deixei que ela me engolisse e saciasse sua fome de mim.
Hoje lhe escrevo do fundo do estomago dela. Espero ansiosamente conseguir rever o brilho do sol. Espero que essa escuridão não dure os históricos três dias.
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O diário aleatório de Margot.
PoesíaQuerido Diário, Você foi criado para isto, ser diário. Em você falarei sobre coisas banais, pensamentos aleatórios ou apenas para escrever. Seja como for, que isso me ajude a quebrar alguns bloqueios de escrita. Não se sinta ofendido se o que for...