18 de Abril de 2017

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É noite. Ou, pelo menos, quase noite.

São ainda 5:43PM. O céu já começou a adquirir o tom de azul enegrecido graças às nuvens teimosas que querem tampar o tom de manhã.

Eu estou dentro do carro. É um Nissan, um livina, branco e com faixas laterais azuis. Não é meu. É do dono que esta ao meu lado assistindo ao jogo por uma tela minúscula.

Não se preocupe, estamos parados e eu não vou ser sequestrada. Ele é meu pai. Não que nos dias de hoje isso indique segurança. Mas sendo ele, meu pai, indica.

Me sinto segura aqui. Os vidros fechados, a voz do Galvão e dos gritos da torcida ao fundo se misturando com os sons do mundo externo.

Há um mundo externo. Vejo as pessoas passando, indo e vindo, algumas apressadas, outras atrapalhando o fluxo.

Eu me sinto confortável aqui. Não só pelo fato de ter reclinado o banco e estar com os pés em cima do capô tocando o vidro diateiro. Aliás, minhas unhas do pé azuis ficaram boas. Mas não é por isso o conforto.

Ele é interno.

Ele é interno por eu estar sendo externa. Sai um pouco de mim.

No caminho para cá vim pensando o quando é necessário nascermos de novo as vezes. Nascermos para nós mesmos. E o quando isso é difícil também.

Eu ainda não consegui, e apesar da segurança e do conforto acredito que ainda vá demorar.

Mas sonhadora como sou, as esperanças não vão morrer tão cedo.

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora