É noite. Ou, pelo menos, quase noite.
São ainda 5:43PM. O céu já começou a adquirir o tom de azul enegrecido graças às nuvens teimosas que querem tampar o tom de manhã.
Eu estou dentro do carro. É um Nissan, um livina, branco e com faixas laterais azuis. Não é meu. É do dono que esta ao meu lado assistindo ao jogo por uma tela minúscula.
Não se preocupe, estamos parados e eu não vou ser sequestrada. Ele é meu pai. Não que nos dias de hoje isso indique segurança. Mas sendo ele, meu pai, indica.
Me sinto segura aqui. Os vidros fechados, a voz do Galvão e dos gritos da torcida ao fundo se misturando com os sons do mundo externo.
Há um mundo externo. Vejo as pessoas passando, indo e vindo, algumas apressadas, outras atrapalhando o fluxo.
Eu me sinto confortável aqui. Não só pelo fato de ter reclinado o banco e estar com os pés em cima do capô tocando o vidro diateiro. Aliás, minhas unhas do pé azuis ficaram boas. Mas não é por isso o conforto.
Ele é interno.
Ele é interno por eu estar sendo externa. Sai um pouco de mim.
No caminho para cá vim pensando o quando é necessário nascermos de novo as vezes. Nascermos para nós mesmos. E o quando isso é difícil também.
Eu ainda não consegui, e apesar da segurança e do conforto acredito que ainda vá demorar.
Mas sonhadora como sou, as esperanças não vão morrer tão cedo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O diário aleatório de Margot.
PoesíaQuerido Diário, Você foi criado para isto, ser diário. Em você falarei sobre coisas banais, pensamentos aleatórios ou apenas para escrever. Seja como for, que isso me ajude a quebrar alguns bloqueios de escrita. Não se sinta ofendido se o que for...