Diário abandonado, hoje me sinto até envergonhada de chama-lo de querido.
Que negligente eu sou! Me estende as folhas e eu lhe viro as costas.
Mas sei que me compreende, como sempre compreendeu.
Senti sua falta. Senti sim. De verdade.
E eu sabia que sentia, mas só agora, escrevendo em você, eu entendo a imensidão da falta que me fez.
Você, de alguma forma, alivia o aperdadinho que as vezes fica o meu coração.
Eu passei tanto tempo sem lhe falar por que achei que eu nada tinha pra contar. Mas, sabe, não é contar que me alivia. É falar. É mais que isso. É ser ouvida.
E, mil perdões, mas, por mais patético que seja falar com alguém que não pode lhe responder, isso alivia uma pequena porcentagem. É pequena. Mas pra quem carrega tanto, todo alivio é sempre bem vindo.
É bom confiar em alguém.
Mesmo que as lagrimas queimem em meus olhos por ter escrito isso.
Alguém de carne e osso é a preferência. Mas, aos que, assim como eu, não acham um encaixe nesse padrão, servem os de lata, ferro e até de papel.
O importante é não deixar a cabeça explodir. Nem o peito. Nem a alma.
Como é difícil cuidar de tudo isso ao mesmo tempo.
Algumas pessoas parecem que tiram de letra. Só vivem e parecem bem com isso.
Será que sou eu que complico tanto? Porque pra mim o peso da vida doi no peito?
Doi mesmo, diário. Doi de verdade. De perder o ar.
E a pior parte é que sempre tento me convencer que é tudo coisa da minha cabeça.
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O diário aleatório de Margot.
PoésieQuerido Diário, Você foi criado para isto, ser diário. Em você falarei sobre coisas banais, pensamentos aleatórios ou apenas para escrever. Seja como for, que isso me ajude a quebrar alguns bloqueios de escrita. Não se sinta ofendido se o que for...