30 de Março de 2017

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Diário abandonado, hoje me sinto até envergonhada de chama-lo de querido.

Que negligente eu sou! Me estende as folhas e eu lhe viro as costas.

Mas sei que me compreende, como sempre compreendeu.

Senti sua falta. Senti sim. De verdade.

E eu sabia que sentia, mas só agora, escrevendo em você, eu entendo a imensidão da falta que me fez.

Você, de alguma forma, alivia o aperdadinho que as vezes fica o meu coração.

Eu passei tanto tempo sem lhe falar por que achei que eu nada tinha pra contar. Mas, sabe, não é contar que me alivia. É falar. É mais que isso. É ser ouvida.

E, mil perdões, mas, por mais patético que seja falar com alguém que não pode lhe responder, isso alivia uma pequena porcentagem. É pequena. Mas pra quem carrega tanto, todo alivio é sempre bem vindo.

É bom confiar em alguém.

Mesmo que as lagrimas queimem em meus olhos por ter escrito isso.

Alguém de carne e osso é a preferência. Mas, aos que, assim como eu, não acham um encaixe nesse padrão, servem os de lata, ferro e até de papel.

O importante é não deixar a cabeça explodir. Nem o peito. Nem a alma.

Como é difícil cuidar de tudo isso ao mesmo tempo.

Algumas pessoas parecem que tiram de letra. Só vivem e parecem bem com isso.

Será que sou eu que complico tanto? Porque pra mim o peso da vida doi no peito?

Doi mesmo, diário. Doi de verdade. De perder o ar.

E a pior parte é que sempre tento me convencer que é tudo coisa da minha cabeça.

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora