19 de Junho de 2017

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Hoje é segunda, mas vim falar sobre sábado.

No dia em questão cheguei um tanto tarde, meu domingo foi corrido, então, estou aqui hoje.

Agora tenho marido, e ele tem uma banda favorita que a tempos se desfez. Então, vindo um cover deles tocar, nos fomos assistir.

A lugar era aspirante a bar de rock, daqueles que tentam dizer que, se fosse rota deles, grandes grupos de motoqueiros parariam ali.

Ao lado direito uma Suzuki, metida a Harley Davidson, ficava pendurada acima do caixa. Ao lado de nada mais, nada menos que placas com o símbolo da Harley.

Já na nossa esquerda ficavam pequenas 'tendinhas' de madeira, sendo revezadas por mesas de sinuca.

Preciso dizer que quando cheguei esses lugares aparentemente aconchegantes já estavam lotados ou reservados.

Fomos então direto ao bar, onde, claro, a cartela de bebidas era maior que os itens que poderiam realmente saciar minha fome. Era um cardápio charmoso, preciso confessar. O bar também era, com seus bem cuidados frízer das mais diversas marcas de cerveja. A bancada era trabalhada em madeira e a iluminação provinha de dentro de dezenas de baldes de.. adivinha.. cerveja.

Eu pedi um hambúrguer gourmet (já acabou com a ideia de bar de motoqueiros), e uma agua, na qual fiquei durante toda a noite. Ele foi de malzebier e anseio por dividir meu lanche comigo.

Nos posicionamos em uma daquelas mesas altas e solitárias que não dispõe de uma cadeira para fazer companhia. Foi uma noite de resistência da musculatura inferior. Ainda ontem minhas pernas doíam.

Bom, as luzes do palco giravam no galpão e tenho certeza que uma delas estava querendo tirar minha visão. A musica saída das caixas já mostrava que eu não conheceria muito o que a banda tocaria. E, mostravam também, que até o fim da noite o homem que gosta de homens a minha frente já teria tirado a blusa e rodado no alto da cabeça ao som de suedhead.

A banda entrou, vocalista com flores no bolsa, guitarrista com aparência de menor de idade. Os outros três não interessavam; um escondido atrás da bateria e os outros dois pareciam postes agarrados a guitarra e ao baixo.

O show começou. O principal movia-se como se não estivéssemos num galpão, e sim num terreiro.

A musica era boa, o clima um tanto bom também. Minha companhia era ótima.

Mas, se me conhece bem, sabe o que eu fiz anoite toda.

Observei a vida alheia.

As reações, frustações, tentativas, emoções.

É uma delicia.

Observei o casal que gritou um com o outro próximo ao banheiro e segundo depois não conseguiam afastar os lábios um do outro.

Observei o barbudo que tomava sua cerveja numa apreciação serena. Era uma estatua que gosta de The Smiths. Já a mulher que o acompanhava mexia-se insistente, Lá e cá, mão sobe, desce, faz ondinha e pra lá, cá, não esquece da mão. Levanta o vestido, dança mais, beija o barbudo, mão mais uma vez.

A dança que parecia movida a duracel derrepente deu uma pausa quando o homem grande que a companhava foi atender o telefone ao longe.

A mulher muchou, inquietou, não sabia o que fazer com as mãos. Olhava o rapaz com olhar pidão de quem quer de volta e então forçava-se a olhar para imitação do Morisses. Era inquietante, e eu a entendi.

Quando ele retornou ela voltou a ser flor, e então voltou a ser regada.

Além desse casal observei a vida de milhares outros. Absorvi detalheszinhos miúdos que guardo para mim e meus personagens.

Foi uma boa noite, apesar dos meus debruços na mesa.

Take on, Tonigth!

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora