Já te falei sobre meu pai, querido diário?
Eu sou uma copia fajuta da simplicidade em pessoa que ele é. Eu sou daquelas copias uruguaianas de péssima qualidade que você compra sabendo que vai durar pouco mas é muito, muito mais barata.
Ele foi um pai incrível! Um pai presente, protetor, amigo, companheiro e criança comigo em diversas vezes. Eu era seu tesouro, sem pedaço de diamante raro e único. E ele me tratou como tal mesmo sabendo do meu interior de carvão. Pois ele sabia, sempre sabem, mas gostam tanto de ver o brilho que se ofuscam.
Ele, A PESSOA em quem eu confiava 100% nos conselhos, para quem eu os pedia. Quem eu queria ser mas era inalcançável. Era meu modelo.
Alguns aspectos dele eu copiei no estilo pirataria: Sua concepção séria sobre a verdade, seu julgamento silencioso mas sincero, sua calada insurdecedora, o olhar gelado de necropsia.
Queria ter puxado as características de verão: A risada frouxa, a contagiante felicidade, o coração de sol.
Ainda ouço sua voz, aquela de tom de veludo que acalma mas me deixa tensa por algum motivo. Talvez por que eu não mereça essa voz.
Ele era um porto, um grande porto pelo qual eu podia me segurar, me proteger e me guiar.
Agora não é mais.
Ele é tão distante quando sol do mar. Ele é uma voz quieta que não quer se dirigir a mim. Ele é uma lembrança bonita guardada na memoria que vira saudade.
E a culpa foi do seu belo diamante que na pressão regrediu, virou carvão.
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O diário aleatório de Margot.
PoesíaQuerido Diário, Você foi criado para isto, ser diário. Em você falarei sobre coisas banais, pensamentos aleatórios ou apenas para escrever. Seja como for, que isso me ajude a quebrar alguns bloqueios de escrita. Não se sinta ofendido se o que for...