Capítulo 1

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Bernardo de Campos

Depois de passar a noite pensando no que eu faria, decidi por bem — ou mal —, arruinar o casamento de Karina.

O que ela tinha me feito? Bom, vou explicar para vocês desde o começo e dar sentido a toda essa história, certo?

Conheci Karina quando tinha vinte e quatro anos, em uma cafeteria. Foi tão rápido para nos apaixonarmos, que chega ser uma linda história de amor, aqueles filmes bregas que fazem garotas chorarem copiosamente em suas camas durante uma longa noite. Claro, se não terminasse uma merda, seria exatamente esses clichês românticos.

Namoramos durante alguns meses e brigamos em meu aniversário, onde eu queria sair com meus amigos e ela não queria permitir. Eu era bem moleque, tinha meus modos de curtir e não queria alguém em meu pé.

Terminamos.

Sim, terminamos. Eu não queria alguém para me controlar; eu não fazia o mesmo, então não era direito dela me proibir de alguma coisa.

Um ano separados e eu senti saudade. Senti falta de alguém para chamar de minha, senti falta de Karina por inteiro; dos jantares em nossas casas, dos passeios, e outras N coisas que fazíamos juntos.

Tomei coragem e pedi para voltar. Para minha surpresa, ela sentia tanta falta como eu. Voltamos a nossa vida de jovens apaixonados e assim, ela passou a me entender e passei a entender seu ciúme: ela se declarou. Disse que me amava e que tinha medo de me perder.

Uma semana depois, seus pais viajaram e tivemos nossa primeira noite juntos em sua casa. Porém havia um grande problema: Olívia. Irmã do meio de Karina. Na época, ela tinha vinte anos. Era alguns anos mais nova do que a irmã e eu. Nesse dia ela não tinha saído como havia prometido. Ficou em casa e ouviu tudo. Todos os tapas, nossos barulhos, gemidos e palavrões.

Dias depois, fui convidado para uma reunião de família, na qual fui colocado contra a parede por Lourdes e Mário. Sim, ela entregou Karina e eu.

"Mas sua vingança teria que ser contra Olívia!" você deve estar pensado...

Mas enfim...

Os pais dela tiveram uma longa conversa com nós dois. E assim, namoramos por mais quatro anos depois de todos esses acontecimentos.

Quando completei vinte e oito, me formei em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo. Karina se formou dois anos antes, fazendo faculdade de RH em uma faculdade particular. Decidimos dar um passo maior em nossa relação e noivamos no final daquele mesmo ano, dias após a formatura.

Já praticamente morávamos juntos; ela vivia dentro do meu apartamento no Butantã, zona oeste de São Paulo. Seus pais moravam em Pinheiros — ou seja, bem próximo.

Consegui um emprego na construtora Tendo assim que saí da faculdade. Era próximo de casa, então eu não me importava de ir de trem ou ônibus, usava o carro apenas quando estava atrasado.

Ao completar vinte e nove anos, eu e Karina tivemos uma briga feia por causa de uma amiga minha. Tudo bem que eu já tinha transado com ela — anos atrás, quando havíamos terminado na primeira vez —, mas foi exagero da minha noiva fazer o escândalo que ela fez.

Ela quebrou toda louça de porcelana na parede após ver uma mensagem de Fernanda em meu celular dizendo que estava de volta à São Paulo, depois de quatro anos na Rússia.

Nos acertamos, comprei uma louça nova e por fim, fiz o pedido de casamento para oficializar tudo. Estava tudo tão perfeito, nos amávamos como nunca, não tinha como dar errado.

Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora