Epílogo

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Um ano se passou.

Doze lindos meses haviam se passado e minha vida deu uma girada tão grande que eu estava confusa ainda com o que estava de fato acontecendo.

Assim que voltamos da nossa aventura pelo interior de São Paulo, passei duas semanas com Bernardo em seu apartamento. Achava que ia incomodar, mas ele me encaixava em todos seus planos, inclusive nas visitas que fazia aos seus pais que moravam bem pertinho da casa dele.

Eu sabia que a grande conversa logo chegaria, então me preparei para tudo. Me armei com todos os argumentos possíveis e fui.

O pior aconteceu quando entre todos, ouvi Karina pedindo desculpas. Sim, ela estava me pedindo desculpas, se redimindo na frente de todos presentes pelo que havia feito. Comentou sobre seus motivos, mas nenhum me convenceu de que ela havia feito o certo, muito menos para Bernardo que continuava em silêncio.

Por fim, todos já sabiam dos meus motivos. E todos me perdoaram — inclui minha mãe e Karina —, mesmo sem que eu me arrependesse. Elas disseram que conversaram por uns dias sobre o assunto e passaram a ver as coisas no meu ponto de vista. Desculpei meus pais e Karina por tudo, Bernardo fez o mesmo.

Eu e ele nos víamos todos os dias, pois ele passava na faculdade para me buscar e deixar em casa. Às vezes ele aproveitava para jantar em minha casa, outras nós comíamos fora ou até mesmo comida feita por Cida. O final de semana eu passava em seu apartamento e revezávamos domingos entre a casa dos meus pais, de Roberto e Yara.

Rogério e Karina viviam super bem no município vizinho ao nosso em um condomínio privado de alta segurança, onde tinham casas maravilhosas. Ele havia conseguido se eleger como prefeito da cidade de Osasco, mas aconteceu o que todos menos esperavam: em uma operação policial, ele foi preso por lavagem de dinheiro. Claro que não duraria muito tempo, mas ele estava vetado de ir aos compromissos de família, enquanto Karina se descabelava para tirar ele de lá.

Mas falando em coisas boas...

Hoje era o dia da minha formatura da faculdade e pela segunda vez, eu me sentia realizada. Completamente feliz. Eu tinha um namorado maravilhoso, minha família e meus amigos.

Sim, namorado. Eu e Bernardo estávamos juntos há seis meses. Depois de uma linda declaração dele quando seu carro quebrou na marginal Pinheiros e em meio ao nervoso ele disse "estou pronto para trocar o status do Facebook e marcar você como relacionamento sério". Se ele não tivesse feito o pedido exatamente assim, eu não aceitaria.

Ele não seria padrinho da minha formatura, pela própria escolha dele. Bernardo disse que não tinha intenção de terminar comigo, mas se caso acontecesse um dia, ele não queria estragar as minhas fotos. Aceitou apenas ser o acompanhante e fazer parte das fotos, como se fosse um amigo.

Cada dia ele estava mais lindo com aquele cabelo e aquela barba. Tentou cortar duas vezes, mas impedi. Eu dizia que aquele corte era sua identidade, pois o Bernardo que eu conheci anos atrás era o de Karina. E aquele de cabelo grande, com barba e cheiroso que me salvou na Marginal Pinheiros trocando meu pneu, era meu. Ele queria ser exclusivo na minha vida e não pensou mais em cortar nenhuma vez, apenas aparava para manter o tamanho.

Aquela noite seria a formatura da minha turma e o salão já estava cheio quando chegamos. Procurei pela minha mesa e encontrei assim que pude ver minha família e meus amigos, incluindo Mônica.

— Como você está linda! — Aline foi a primeira a me abraçar. — Nem acredito que hoje chegou.

— Nem eu — confessei sorridente.

— Parabéns, Oli — Ramela acenou. — Você merece tudo, menos esse traste que você chama de namorado.

— Corno! — Bernardo mostrou o dedo para o irmão, recebendo também um olhar reprovador de Aline.

— E aí, que horas começa? — Macarrão sempre sendo o tapado da turma.

— Cala boca, Macarrão — todos falaram.

Uma coisa que nunca expliquei sobre os apelidos dos meninos! De Bernardo era piolho, claramente por causa do cabelo que estava grande. Antes disso, era apenas "Bê", pois os amigos não tinham a criatividade. De Rafael era Ramela, pois em uma festa que eles deram, ele acordou por último, no meio da sala. Tentou abrir os olhos, mas não conseguiu e gritou até os amigos aparecerem. Resumo: ele estava com conjuntivite, pois pegou da garota que tinha ficado na noite anterior. Fábio era fumaça pelo simples fato de fumar e também por ter batido o record quando brigou com Mônica e fumou 5 carteiras de cigarros em um dia. Macarrão, bom, esse é o pior: ele caiu da escada com um prato de macarrão nas mãos. Não foi um simples tombo, mas ele rolou do primeiro degrau até o último. Quando levantou-se, estava coberto da massa e os amigos ouvindo o barulho, não perderam uma. Era uma amizade muito louca a deles, mas era linda.

— Bê, Oli! — ouvi a voz de Valen atrás de mim, chamando-nos.

— Oi, minha princesa! — Bernardo falou, beijando a bochecha dela. — Como está minha menina? — rapidamente, ele corrigiu-se, virando-se para a sobrinha no colo do irmão. — E a menina do tio mais babão desse mundo? — deu um beijo na recém nascida que dormia tranquila.

— Bem! — Valentina respondeu aproximando-se da bebê.

— Oi, titia! — eu mexi com a pequena que abriu um sorriso enorme, mesmo dormindo. — Que sono gostoso, minha tia! E esse sorrisão!?

Halili estava linda usando um vestidinho amarelo curto e tênis pequenos. Os cabelos loiros estava enfeitado com uma faixa da mesma cor do vestido. Ela era linda, de longe a garotinha que eu mais amava no mundo — assim como Valen. Minha irmã por outro lado estava na era de se vestir como Hermione, então estava ela com a mesma roupa da bruxinha do primeiro filme, quando conheceu Potter.

A cerimonia foi linda, eu chorei em tudo. Foi um dos melhores dias da minha vida, com as melhores pessoas. Comemoramos em um restaurante e voltei para casa com Bernardo naquela noite.

Enquanto eu tomava banho para tirar toda maquiagem e o fixador que haviam passado em meu cabelo, acho que Bernardo estava vendo TV. Coloquei seu roupão e por fim enrolei a toalha no cabelo.

— Amor! — ele gritou da cozinha, vindo com o celular nas mãos. — Amor se arruma, estamos indo para Angra dos Reis!

— Quê? — estreitei os olhos confusa. — Como assim?

— Somos namorados, mas isso não significa que deixaremos a vida de gandaia — ele riu, enquanto recebia um tapa de mim. — Você vai participar de tudo minha loira, eu juro! Inclusive do trissome com uma morena gostosa que acabou de me mandar mensagem...

Corri pela casa atrás daquele traste segurando minha havaianas nas mãos e gritando. Ele me divertia com pequenas coisas, mesmo sendo uma das suas brincadeiras maldosas para me irritar. Eu o amava tanto que relevava tranquilamente suas implicâncias.

E em meio a todo esse clima de cancelar um casamento, descobri que o amor estava ao meu lado o tempo todo. Talvez a vingança tenha me cegado, ou talvez não era para ter acontecido naquela hora.

Eu só espero que ninguém tente cancelar o meu casamento.

Isso é um aviso para vocês leitoras assanhadas que dão em cima do meu namorado: cuidado.

💋 FIM 💋

Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora