Capítulo 11 - I

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Olívia de Castro

Acordei cedo no sábado pela manhã, pois tinha uma aula de zumba para dar na academia. Acabei levando Valentina que tanto insistiu, porque parecia querer passar mais tempo comigo agora e isso me fazia ter grandes ideias com a Valentina.

Dei a aula e fomos almoçar no Mc Donalds perto de casa. Ela contava sobre as aulas de ballet e também sobre os amiguinhos da creche. Ela estava tão grande, parecia que eu estava perdendo tanto da infância dela depois que entrei na faculdade.

— Então, o Felipe é meu melhor amigo — ela falou comendo mais uma batata. — Só que às vezes ele é chato! Ele fica com a Joyce e eu não gosto da Joyce. Ela fala que eles são namorados, mas ele fala que não quer. E crianças não podem namorar, né?

— Sim...

— E ela fica brigando comigo quando tô brincando de carrinho com ele e fica empurrando a boneca riscada dela, dizendo que tenho que brincar com coisas de menina — minha irmã revirou os olhos. — Mas eu gosto de carrinhos e às vezes o Fê brinca de casinha comigo quando vamos aos brinquedos.

— Que legal! — eu sorri, comendo as batatas. — Ele é bonito?

— Hmmm — ela coçou o nariz. — Tem olhos castanhos, e cabelo grande um pouco mais claro e não tem barba — não pude deixar de rir, certeza que ela estava comparando com Bernardo.

— Então ele é bonito — dei de ombros, olhando para a pequena.

— Ele quer ser amigo de todo mundo. Disse que eu sou a menina mais legal da escola e a mais legal que ele conhece.

— Ele gosta muito de você, por isso ele quer sempre brincar com você.

— É, ele disse que as outras meninas são muito chatas, porque elas ficam dizendo que gostam dele — ela deu de ombros. — Ele tem outros amigos também, tem o Luizinho, o Gui e o Tiago.

— Eles são legais também? — perguntei apenas para não cortar o assunto dela.

— Não, eles são chatos. Eles dizem que eu tenho que brincar de bonecas e com as meninas na casinha, com as panelinhas — revirou os olhos. — Diz que carrinhos e futebol são de meninos.

— Ai que chatos!

— Aí o Fê me defende — ela riu. — Diz que não tem nada a ver, que nós podemos brincar do que quisermos sem brigas e sermos amigos.

Continuou toda a história e por fim, cheguei a conclusão que aquela garotinha era apaixonada pelo Felipe. Só não sabia o que era por causa da idade e não seria eu a falar. Ela descobriria sozinha e quem sabe na adolescência eles não ficassem juntos?

Voltamos para casa depois do almoço e a família de Rogério estava em peso fazendo uma visita. Fiquei até com um pouco de vergonha da minha roupa de academia assim que entrei na sala, mas fui educada com todos.

Os pais dele me olharam como uma ninguém e a irmã começou a rir de mim junto com um primo dele. Pouco me importei, já que a campainha tocou logo em seguida. Abri a porta, dando de cara com o meu namorado na porta sorridente.

— Oi, Bê — falei sorrindo, mas com a cara de "o que você faz aqui".

— Oi, amor — ele respondeu sorridente.

— É meu gênro lindo que está aí? — minha mãe gritou da sala e ele entrou.

— Sou eu mesmo, sogra — beijou a testa de minha mãe e cumprimentou meu pai. — Oi, pessoal.

— O que faz aqui, amor? — perguntei confusa. — Não íamos nos ver só mais tarde?

— O pessoal decidiu descer a serra agora no almoço — ele falou, pegando Valentina no colo. — Olá, lindinha! — voltou os olhos para mim, colocando a menor no chão. — E vim te buscar, namorada linda!

Não era minha intenção beijar ele na frente de todo mundo, mas sua língua invadiu minha boca de uma forma inesperada por alguns segundos, me deixando completamente fora de órbita e gelatinosa a ponto de até cair no chão.

— Nossa, com um bofe desse eu ia até o inferno — resmungou o primo do Rogério, levando um tapa de Karina.

— Caramba — suspirei depois que separamos nossas bocas. — Vou arrumar minhas coisas, sobe comigo.

Ainda nervosa, peguei minha mala e comecei arrumar minhas coisas. Coloquei algumas roupas, chinelo e biquínis, vendo Bernardo jogar-se em minha cama enquanto eu fazia isso.

— Mônica e Fábio vão? — perguntei virando-me com um shorts na mão.

— Não que eu saiba — deu de ombros, relaxando. — Eles não me disseram nada. Parece que o pessoal chamou, mas não deram certeza.

— Quando voltamos? — perguntei colocando meus itens de higiene pessoal dentro da necessaire.

— Amanhã à noite — olhou para as coisas na mala. — Esse biquíni vermelho parece ser bem sexy. Você deve ficar linda nele.

— Cala boca — finalizei minha mala.

Descemos as escadas novamente, me despedi da galera e recebi as recomendações de meus pais que mandavam que eu tomasse cuidado e para que Bernardo não me deixasse sozinha dentro do mar porque eu não sabia nadar.

💋

De início iríamos para o Guarujá, litoral sul de São Paulo, mas no meio do caminho, decidiram ir para São Sebastião, litoral norte.

Rafael tinha pego a Mitsubishi Pajero de 7 lugares emprestada de seus pais, mas mesmo assim, Bernardo decidiu que iria com seu carro.

Acabou que encontramos com os outros já na Rodovia Presidente Castelo Branco, pois Bernardo já tinha as coisas prontas dentro do carro e tinha ido apenas me pegar em casa.

Foram pouco menos de 3h de viagem pela velocidade que ele dirigia — rápido para uma viagem de 4h —, mas sempre muito seguro de si e do que estava fazendo. Graças à Deus por isso.

Chegamos à casa espalhando nossas coisas pelos respectivos quartos. Eu realmente queria dividir quarto com as meninas, mas duvido muito que elas iriam querer largar o tempo com seus namorado/marido.

A casa tinha dois andares, sendo que os quartos ficavam no andar de cima. Aline e Rafael pegaram a suíte principal, Priscila e Macarrão pegaram outra e eu e Bernardo acabamos ficando com a da escada.

Mônica e Fumaça não iriam. Disseram que iam visitar os pais dele no interior de São Paulo e que ficaria para próxima vez. Pelo menos assim, eu não precisava fingir relacionamento com o Bernardo durante o final de semana.

— Esse quarto parece ser o pior — Bernardo resmungou baixo.

— A gente sempre se da mal — respondi sentando na cama. — Há algum problema em dormirmos na mesma cama?

— Por mim, tanto faz — Bernardo colocou as malas em um canto, virando-se para mim. — Chega ser estranho você perguntando isso, achei que você daria piti.

— Se você dissesse que tinha problema, quem ia dormir no chão era você — tirei os tênis, colocando meus chinelos.

— Casal! — Aline bateu na porta, aparecendo com Priscila, ambas de biquíni. — Vamos à praia?

— Nossa, como vocês estão gostosas — Bernardo observou, recebendo um dedo do meio de cada uma. — Vai por aquele biquíni vermelho, amor. Quero ver você bem gostosa.

— Vai cagar, Bernardo — bati nele, buscando pelo outro biquíni no fundo da minha mala.

Ele era muito cara de pau e eu sabia que ele falava aquelas coisas apenas para me irritar. Pelo perfil que eu conhecia de Bernardo, ele não fazia o tipo tarado de homem.

— São 19h, para onde vamos? — ele perguntou depois de se livrar do travesseiro que joguei em sua cara.

— Tem um lual na Praia Brava — Aline respondeu, abraçando Rafael que chegava no quarto.

— O pessoal vai cedo por causa da trilha — Ramela explicou, abraçando a namorada.

— Significa que eu vou poder pular a cerca sem pular de verdade? — Bernardo disse lembrando do nosso fake relacionamento. — Isso sim, é vantagem.

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Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora