Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]

Capítulo 9 - I

Bernardo Campos

— Como começa um casamento? — perguntei da sala, enquanto Olívia preparava um suco na cozinha.

Pois é, ela tinha dito que ia pensar se iria me querer no time de volta, mas eu já sabia que sim. Não demorou me mandar mensagem durante a tarde, me convidando para ir à sua casa para "fazermos planos".

— Coloca no google! — ela gritou para mim e obedeci.

— Certo, entrei no site... Noivas Online — comuniquei, enquanto o site abria. — Tem muita coisa aqui, Olívia, vem me ajudar!

Ela veio da cozinha com dois copos de suco, me entregando um enquanto sentava-se ao meu lado e olhava a lista. Tinha o tópico "1 ano e 6 meses antes", que ditava tudo que eles já haviam feito — acredito eu —, como avisar a família, decidirem data e local, comprar uma casa, fazer lista de convidados, foto, enxoval, vestido e outras demais coisas daquela enorme lista.

— Clica na de três meses! — Olívia falou, apontando o tópico e obedeci.

— Hm, carro da noiva? — Bernardo levantou uma das sobrancelhas. — Interessante.

— O que? — Olívia perguntou e apenas pisquei para ela. — Ela está numa dieta forte para o grande dia, mas ela não resiste à um doce — Olívia sobressaltou-se.

— Isso! — eu ri imaginando o ódio que ela ficaria ao provar o vestido e não fechar. — Você é muito má!

— É porque você não viu o que eu quero fazer com Rogério — ela declarou, o que me fez arregalar os olhos.

— Você é a pior! — eu voltei-me para o computador.

Continuamos olhando algumas coisas para o casamento e a maioria era muito pessoal, mas o que poderíamos alterar sorrateiramente, estavamos fazendo.

— Noivos caríssimos, viestes à casa da Igreja para que o vosso propósito de contrair matrimônio seja firmado com o sagrado selo de Deus! — fiz uma voz diferente, trazendo Olívia gargalhadas. — Karina de Castro, você aceita se casar com Rogério Cardozo? — passei a mão fechada como microfone para Olívia.

— Sim! — ela fez uma voz fina. — Rogério Cardozo você aceita a mão de Karina de Castro como sua esposa?

— Sim — fiz uma voz de merda, imitando o noivo.

Até que a porta da residência quase explodiu e nós viramos para ver quem entrava. Demos de cara com Karina e Rogério parados na porta nos encarando. Fechei o notebook, pegando meu suco para voltar a observa-los.

— O que você faz aqui, Bernardo? — Karina perguntou fechando a porta atrás de si.

— Eu? — pisquei atônito, pois não sabia o que dizer. Olívia parecia não querer me ajudar muito e ficava olhando de mim para a irmã.

— Nós estávamos conversando sobre o casamento! — Olívia respondeu por fim, relaxando no sofá.

— Sobre o que? — Karina perguntou desconfiada.

— Na verdade, ele está me pedindo ajuda com um presente para vocês e bom, não vou dizer mais, é surpresa! — Olívia sorriu, como se fosse a informação mais verdadeira.

— Você sabe que mamãe e papai vão odiar saber que você e Bernardo estão se pegando no sofá — ela declarou, puxando o noivo pela gravata.

Eles subiram as escadas e podemos ouvir um baque da porta de seu quarto. Rimos baixo, para que não desconfiassem, até que Olívia arregalou os olhos.

— Karina está pensando que estamos tendo um caso! — ficou em pé, andando de um lado para o outro.

— Relaxa, nós podemos desmentir...

— Na verdade, isso é bom — apontou para mim. — Nós até poderíamos fingir, vai facilitar e muito nosso trabalho.

— Para você tudo bem? — estranhei. Aquela garota variava muito da ideia.

— Sim e podemos começar logo. Só vai me atrapalhar com os contatinhos do Tinder — ela deu de ombros e eu franzi a testa. — A justificativa perfeita para estarmos tão próximos: um romance.

— Você baixou mesmo o Tinder?

— Aham, algum problema com isso? — virou-se olhando as unhas.

— Ahh... não.

Ouvimos a porta da entrada se abrindo novamente e quando menos imaginei, Olívia estava sobre o meu colo, com a boca colada à minha. Rapidamente envolvi sua cintura, mas ainda de olhos abertos, enquanto a mesma estava com um fechado e outro olhando a porta.

— Meu Deus! — ouvi a voz de Lourdes da porta e foi quando separei de Olívia. — Vocês não estão transando no meu sofá não, né?

— Mãe! — Olívia fez um falso comentário de vergonha. — Claro que não, nós estávamos apenas... conversando.

— Percebi o tipo de conversa — ela olhou para mim. — Bernardo? É você mesmo?

— Olá, Dona Lourdes e Seu Mário — acenei falsamente envergonhado. — Desculpa, eu já estava de saída.

— Não sei se isso é oficial, mas eu aprovo vocês — Mário apontou para nós.

— Não, querido — Lourdes fechou a porta atrás de si. — Fique conosco para o jantar!

— Mãe...

— Olívia, se ele está prestes a voltar a família, vamos oferecer um jantar! — Lourdes caminhou para a cozinha.

— Chame seus pais, seu irmão e a esposa dele — Mário falou, indo para a cozinha com a esposa.

Encarei Olívia preocupado e ela tinha o mesmo semblante no rosto.

— Estamos fodidos — falamos juntos.

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— Minha intenção era essa — ela sussurrou dentro do quarto. — Temos que pensar no que vamos fazer.

— Chamar minha família parece óbvio, Olívia — respondi mexendo em algumas canetas da sua estante. — Não tem como fugirmos, você conhece seus pais e eles são insistentes.

— Ok. Vamos assumir isso para eles assim...? — ela sentou na cama.

— A grande ideia foi sua — eu falei, já pegando o celular. — Vou falar com Ramela e Aline. De resto acho que damos conta, não!?

— Acho que sim — Olívia disse mordendo as pontas dos dedos.

— Vou ligar, mas fique sabendo que isso pode se tornar uma catástrofe — disse, colocando o celular no ouvido.

— Vamos torcer para que não.

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